Sírios vivem pior ataque químico em dois anos de guerra
Grupos de oposição ao presidente Bashar Assad atribuíram o ataque ocorrido nesta quarta-feira nos arredores de Damasco a forças do governo. Damasco, por sua vez, negou ter usado armas químicas em nas ações militares de hoje perto da capital, qualificando-as como "completamente infundadas".
Numa reunião de emergência, o Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) manifestou apoio a um pedido do secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, para que seja iniciada uma investigação "profunda, imparcial e imediata" da denúncia.
Mais cedo, o subsecretário de Imprensa da ONU, Eduardo del Buey, disse que Ban Ki-moon ficou "chocado" com a denúncia e queria que todos os ataques com armas químicas denunciados nos últimos meses, tanto pelo governo quanto pela oposição, fossem investigados a fundo.
Vídeos e fotografias mostram dezenas de corpos enfileirados, entre eles mais de uma dúzia de crianças. As imagens contêm poucos sinais visíveis de sangue ou ferimentos convencionais e a maior parte das vítimas parece ter morrido asfixiada. Sobreviventes são mostrados com máscaras de oxigênio no rosto.
Grupos de oposição a Assad divulgaram cifras que variam de 136 a 1.300 mortos. No entanto, mesmo a estimativa mais conservadora faz deste o mais mortífero ataque com armas químicas já denunciado em dois anos e meio de guerra civil na Síria.
Há meses, rebeldes denunciam o uso de armas químicas pelo governo. Eles contam com o apoio dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da França em suas acusações. Já a Síria, com o apoio da Rússia, desmente e acusa os rebeldes de usaram tais armas.
O ataque ocorre num dia em que inspetores de armas da ONU estão em território sírio para investigar acusações anteriores do uso de armas químicas.
A Casa Branca declarou-se "profundamente preocupada" com as denúncias. Em junho, os EUA concluíram que a Síria "provavelmente" usou armas químicas, o que embasou a decisão de Washington de aprovar o envio de armas para os rebeldes.
Na Europa, Reino Unido e França fizeram um apelo para que a equipe de investigadores da ONU possa entrar na região próxima a Damasco para investigar o caso.
A Rússia, por sua vez, sugeriu que o suposto ataque com armas químicas pode ter sido lançado por rebeldes com o objetivo de provocar uma reação da comunidade internacional contra Assad. A exemplo de Londres e Paris, Moscou também pediu uma investigação detalhada do caso. Fonte: Associated Press.