Políticos da Alemanha defendem asilo no país para homossexuais russos
Lei de Putin contra "propaganda gay" desencadeia onda internacional de repúdio. Deputados alemães propõem boicote a Olimpíadas de 2014 na Rússia, enquanto Cameron e Obama adotam linha mais cautelosa.
O encarregado de direitos humanos do Partido Liberal Democrático (FDP) da Alemanha, Markus Löning, classificou como "insustentável" a situação de lésbicas e gays russos. Em entrevista publicada pelo jornal Welt am Sonntag neste domingo (11/08), ele pediu aos estados alemães que atendam "de forma descomplicada aos homossexuais da Rússia que procurem asilo em nosso país".
Outros políticos alemães de peso deram declarações semelhantes ao jornal, entre eles o chefe da bancada parlamentar do partido A Esquerda, Gregor Gysi, a deputada verde Marieluise Beck e a ministra da Justiça Sabine Leutheusser-Schnarrenberger.
A ministra liberal-democrata disse que, com a "exclusão dos homossexuais", a Rússia "está dando mais um grande passo na direção de uma perfeita ditadura", enquanto Beck informou sobre as possibilidades legais de um asilo para homossexuais.
"Já existem hoje, na lei alemã, os critérios de perseguição por questões de gênero e não estatal", explicou a deputada. Portanto "há uma base legal para conceder proteção na Alemanha aos homossexuais perseguidos na Rússia, após o exame individual do caso", afirmou a parlamentar.
Jogos de Inverno na berlinda
Em junho, o governo de Vladimir Putin aprovou uma lei que prevê punição para quem se manifestar de forma positiva sobre a homossexualidade na presença de menores ou nos meios de comunicação. Estrangeiros que infringirem a lei estão sujeitos a multas equivalentes a 2,3 mil euros, assim como a penas de prisão de até 15 dias ou mesmo à deportação.
A proibição de "propaganda gay" na Rússia desencadeou repúdio não só na Alemanha, como também no resto da Europa e nos Estados Unidos. Alguns políticos conclamam ao boicote das Olimpíadas de Inverno de 2014, a se realizarem na cidade russa de Sóchi.
O parlamentar democrata-cristão alemão Jens Spahn declarou ao Welt am Sonntag que "é grotesco que o mundo seja recebido em um país onde, por lei, se faz uma campanha de agitação contra gays e lésbicas".
Volker Beck, da Aliança 90/Os Verdes disse considerar cogitável uma transferência da sede dos Jogos Olímpicos. O deputado alemão de 52 anos é ativista de longa data dos direitos dos homossexuais. Em 2007, foi agredido fisicamente e preso em Moscou por protestar em favor dos gays no país.
Reino Unido e EUA recuam
Apesar de manifestar indignação pela legislação discriminatória do Kremlin, os governos dos EUA e do Reino Unido se declararam contra o boicote ao torneio esportivo no ano que vem. "Seremos capazes de combater melhor os preconceitos se participarmos, em vez de boicotarmos os Jogos de Inverno", declarou o primeiro-ministro britânico, David Cameron.
No início da última semana, referindo-se à Rússia, o presidente americano, Barack Obama, chegara a declarar que não tem "paciência" com países que promulgam tais leis anti-gays. No entanto, numa coletiva de imprensa na sexta-feira, em Washington, ressalvou que um boicote a Sóchi seria um "gesto inapropriado".
AV/dpa/afp/kna