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Opinião: não há alternativa na Síria senão a intervenção militar

12:37 | 28/08/2013
Com uso de armas químicas contra civis, Assad atravessou a "linha vermelha" estabelecida há um ano por Obama. E, diante disso, o Ocidente precisa agora tomar uma ação, opina Loay Mudhoon. Atualmente não há qualquer dúvida de que houve emprego de armamento químico na guerra civil da Síria num procedimento condenado pela comunidade internacional. As terríveis fotos e vídeos de crianças e mulheres mortas, assim como de outros civis com sintomas neurotóxicos, formam prova indiscutível. Acima de tudo, os relatórios da Médicos Sem Fronteiras confirmam a matança bestial na Síria. A respeitada organização humanitária trabalha há anos no país e mantém contanto estreito com os hospitais secretos dos ativistas. Para além da "linha vermelha" Com a utilização das armas de extermínio em massa contra a população civil, foi inegavelmente ultrapassada a "linha vermelha" definida pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Recapitulando: em agosto de 2012, ele deixara claro, diante da opinião pública mundial, que não toleraria o uso de armas químicas ou biológicas na guerra civil síria. Agora, com centenas de mortos e milhares de feridos, o homem mais poderoso vai ser medido pelo peso de suas palavras. Por esse motivo, uma coalizão liderada pelos EUA deverá, com grande probabilidade, investir contra as instalações militares do regime de Bashar al-Assad. Ao presidente americano não resta outra opção e não só por razões morais. Mais do que tudo, o Ocidente não pode admitir nenhum precedente do emprego de armas químicas no barril de pólvora que é a Síria, se a intenção for coibir futuros ataques com armas de destruição em massa. Além disso, a medida é urgentemente necessária, em face da falta de escrúpulos do regime Assad, e considerando-se que ele dispõe do maior arsenal de armamentos químicos do Oriente Médio. Constelação de conflito permanece imutável Embora uma ofensiva militar dos EUA contra o ditador em Damasco pareça ser mera questão de tempo, muitas questões seguem em aberto, sobretudo em referência às metas políticas concretas dessa intervenção em âmbito restrito. Desde já está claro que os esperados dois dias de bombardeamento das bases militares sírias não passariam de uma ação retaliatória com fins de intimidação. Ela não dará fim ao derramamento de sangue, e tampouco alterará as relações de poder e o procedimento dos partidos hostis nesse conflito altamente complexo. Ainda assim permanece a esperança de que um possível enfraquecimento de Assad aumente sua disposição de negociar. Por isso, a diplomacia internacional precisa empreender todos os esforços para trazer à mesa de negociações todos as partes envolvidas no conflito naturalmente também os amigos e apoiadores de Assad, como China, Rússia e Irã. De forma paradoxal, justamente a iminente operação militar dos Estados Unidos oferece uma nova, inesperada chance para ação internacional na Síria. Pois nem a Rússia, nem China estão interessadas num relaxamento na interdição internacional das armas químicas. E considerando-se que, mesmo uma queda do regime Assad não implica necessariamente o fim da guerra civil no país, uma iniciativa conjunta da comunidade internacional segue sendo o único caminho praticável para uma conclusão da tragédia síria.

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