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Novo presidente iraniano, Hassan Rohani leva esperanças a país em crise

13:25 | 03/08/2013
Com histórico de diplomacia, clérigo moderado de 64 anos traz promessa de tom mais moderado para relações internacionais iranianas. Porém, herda do governo anterior um pesado pacote de problemas internos e externos. É longa a lista de temas na agenda do novo presidente do Irã, Hassan Rohani: os avanços no conflito nuclear, o relaxamento das sanções internacionais, combate à crise econômica, respeito aos direitos humanos e liberalização da censura são apenas parte deles. Em nível nacional e internacional, esperanças e expectativas de mudança se concentram no novo chefe de Estado. E elas não são infundadas. "O Irã iniciou um novo capítulo de moderação", foi a mensagem central que Rohani dirigiu à comunidade mundial, em sua primeira coletiva de imprensa após a vitória eleitoral de 14 de junho. Transparência no programa nuclear O clérigo muçulmano de 64 anos promete mais transparência, sobretudo no que concerne o conflito com o Ocidente em torno do programa nuclear de seu país. Ele acredita haver chances de uma solução diplomática para a questão. "Com Rohani, aumentaram, de fato, as chances de um diálogo racional", opina Rolf Mützenich, porta-voz para assuntos de política externa da bancada social-democrata no Parlamento alemão. Ele argumenta que agora o Ocidente tem como interlocutor um presidente que, de 2003 a 2005, chefiou a comissão de negociações sobre o programa nuclear do Irã, e que é, portanto, familiarizado com os usos da diplomacia. "Em primeira linha, a Alemanha pode esperar do novo presidente iraniano moderação, um estilo melhor e também a habilidade de aproveitar oportunidades. Isso se aplica também ao conflito nuclear", avalia, em entrevista à DW, Walter Posch, especialista em assuntos iranianos do Instituto Alemão de Relações Internacionais e de Segurança (SWP). Da mesma forma que seu antecessor, Mahmud Ahmadinejad, o novo presidente considera legítimo o controvertido programa atômico nacional e pretende seguir com os trabalhos de enriquecimento de urânio. Segundo Posch, na época em que Rohani foi secretário-geral no Conselho de Segurança nacional, os iranianos realmente fizeram muitos avanços na tecnologia nuclear e não pretendem renunciar a eles. No entanto, sem concessões na questão nuclear, dificilmente haverá um afrouxamento das severas sanções internacionais que pesam sobre o Irã. Do ponto de vista do especialista Posch, esta é a última oportunidade para Teerã impedir que o país sucumba a um isolamento total e um bloqueio econômico abrangente. Por outro lado, o porta-voz de política de segurança da bancada da Aliança 90/Os Verdes, Omid Nouripour, está entre os que esperam mais sinais positivos por parte do Ocidente. Em entrevista à DW, ele comentou: "Fala-se o tempo todo que é preciso atacar o problema com um pacote de atrativos e meios de pressão. Só que esses atrativos não existem mais. Por isso, é ótimo que os norte-americanos estejam dizendo: 'Agora queremos conversar diretamente com o Irã, em nível mais alto'". Khamenei acima de tudo Em seus cálculos, porém, o moderado Rohani não pode deixar de fora uma instância superior: o líder religioso do país, aiatolá Ali Khamenei. Em seu primeiro comunicado pela televisão, o chefe de Estado eleito assegurou que a política externa será praticada "levando em consideração todos os direitos da nação" e de acordo com as indicações do líder religioso. Até agora, Khamenei tem se oposto a um diálogo direto com os Estados Unidos e seguido a linha dura em questões de política externa, como o conflito em torno do programa nuclear. No entanto, ele não conseguiu ignorar as catastróficas consequências das sanções contra o país, a luta de poder entre as forças conservadoras, nem o conflito com o ex-presidente Ahmadinejad. Não são poucos os analistas que interpretam a eleição de Rohani como indicador de uma abertura gradual por parte de Khamenei. "Khamenei conseguiu aquilo por que trabalhava desde janeiro de 2010, ou seja, a pacificação dos conflitos políticos internos", acredita Posch. Além disso, a relação entre o aiatolá e o atual presidente não está contaminada, e ambos estão ligados por anos de cooperação. "Khamenei aprecia Rohani o qual é, em primeira linha, um tecnocrata , e isso o tranquiliza em relação aos experimentos democráticos, que nunca se sabe onde irão dar", comenta o especialista do SWP. Síria e direitos humanos Para além do programa atômico, o Ocidente também aguarda sinais positivos de Teerã no que tange ao conflito da Síria. Agora, depois da eleição de Rohani, parece mais provável a participação iraniana na segunda conferência internacional para a Síria, planejada para ocorrer em Genebra. "Se descrevemos o Irã como um dos protagonistas externos do conflito na Síria, naturalmente também temos que incluí-lo na busca de uma solução para esse conflito", pondera o social-democrata Mützenich. Também na política interna, Rohani se defronta com enormes desafios. Nos últimos anos, é também devido às crescentes violações dos direitos humanos que o Irã tem ocupado as manchetes e sido objeto de relatórios críticos por parte da ONU e de diversas ONGs. Entre as promessas eleitorais do novo líder, constam a libertação de presos políticos, o relaxamento da censura e da vigilância social pela polícia de costumes, assim como a ampliação dos direitos femininos. O porta-voz dos verdes alemães Omid Nouripour teme que Rohani apenas conceda algumas liberdades pessoais aos cidadãos, deixando, porém, de fora os temas realmente sensíveis. "Um ponto decisivo é a rapidez com que serão soltos aqueles que, nos últimos anos, foram detidos arbitrariamente", avalia o perito em política de segurança. "A coisa começa com figuras de destaque como [a advogada de direitos humanos] Nasrin Sotudeh e, naturalmente, o ex-candidato [nas eleições presidenciais de 2009 Mir Hossein] Mussawi. Este é o verdadeiro teste para Rohani e as suas promessas de campanha eleitoral." Crise econômica como prioridade No entanto, o maior desafio de todos os que Hassan Rohani terá de enfrentar é a catastrófica conjuntura financeira do Irã. Antes de sua posse, ele anunciou que, nos primeiros 100 dias de seu mandato, apresentará uma "análise realista e fiel" dos problemas econômicos, assim como esboços de solução e diretrizes para vencer a crise. Um afrouxamento das sanções internacionais, subordinado a um eventual avanço nas discussões sobre o programa nuclear, poderá dar algum alento à economia iraniana. No entanto, não é pequeno o número de problemas causados por má gestão e pela política econômica equivocada da administração Ahmadinejad. "O país tem problemas de fabricação doméstica extremamente graves", sublinha o especialista do SWP Walter Posch. Mas ele também vê o futuro com espírito otimista. "Como alguém que sabe lidar com todos os campos políticos, Rohani é seguramente o homem certo, no momento."

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