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Irônico e subversivo, Die PARTEI quer chegar ao Parlamento alemão

10:44 | 06/08/2013
Desde 2004, o PARTEI atrai atenção com paródias e graça. Agora, o partido satírico quer chegar ao Parlamento. As chances são mínimas, mas a campanha deve trazer um pouco de diversão à corrida eleitoral alemã. Os membros do PARTEI ("partido", em alemão) precisam preencher dois requisitos indispensáveis. O primeiro é uma boa memória. A sigla PARTEI abrevia o nome mais longo que uma agremiação já teve na história da política da Alemanha: Partido do Trabalho, do Estado de Direito, da Proteção dos Animais, da Promoção das Elites e das Iniciativas Democráticas de Base. O segundo requisito é um estômago forte. O programa do partido ostenta o lema "Das BIER entscheidet" em tradução livre, "a CERVEJA é o que interessa". A frase faz um jogo de palavras com o slogan, agora anulado, do SPD (Partido Social-Democrata), maior partido da oposição no país: "Das WIR entscheidet" ("o bem comum é o que interessa"). As palavras "Bier" e "Wir" rimam em alemão. Mas o lema do PARTEI não deve ser entendido apenas como pura ironia. Porque foi bebendo uma cervejinha que Alexander Grupe, presidente da Associação Estadual de Hamburgo do PARTEI, se encontrou com a reportagem da DW em um restaurante em Sankt Pauli, bairro boêmio da cidade do norte da Alemanha e conhecido no mundo todo pelos sexshops e baladas para todos os estilos musicais. "O desenvolvimento econômico também é importante", riu Grupe, apontando para o ambiente local. O PARTEI tem cerca de 700 membros em Hamburgo, quase nove mil em toda a Alemanha. Eles também já registraram uma vitória eleitoral quase imperceptível: conseguiram eleger um membro para o conselho municipal da cidade de Lübeck (norte), por um curto período. Para isso, bastou a conquista de 1,3% dos votos válidos. "Quando o PARTEI foi fundado em 2004 e essa fundação foi publicada na revista Titanic, não pensei muito. Ficou claro para mim como essa iniciativa era boa, e eu queria fazer parte dela de qualquer jeito", relatou Grupe, mencionando o lar espiritual do grupo. O PARTEI foi fundado pelos editores da Titanic, a segunda maior revista de sátira da Alemanha. Até hoje, Martin Sonneborn, ex-editor da revista, é o presidente nacional do PARTEI. Ações satíricas e paródias são a marca registrada do partido e de seu presidente. Portanto, não adianta procurar o politicamente correto na legenda. O braço jovem do partido, por exemplo, carrega o nome do secretário geral Thomas Hintner e foi batizado de "Juventude Hintnerista" uma alusão nada sutil à nazista Juventude Hitlerista. No entanto, de acordo com o próprio partido, os membros do PARTEI se mantêm longe do extremismo, tanto da direita quanto da esquerda: "somos de extremo centro". Melhorar o mundo "O partido funciona em vários níveis. De fora, tudo parece diversão e absurdo. Mas também criamos coisas sérias e concretas que melhoram o mundo", constatou Grupe. "Por exemplo, a Constituição alemã foi melhorada por nossa causa." Um fato que não pode ser negado. Em 2009, o partido foi impedido de participar da eleição legislativa pelo órgão de supervisão das eleições. Um recurso urgente do PARTEI junto ao Tribunal Constitucional Federal fracassou porque a lei então em vigor só permitia uma avaliação depois das eleições, acabando com as chances do partido de concorrer. Em 2012, o parlamento mudou a lei eleitoral e a Constituição para que os partidos pequenos possam mandar averiguar juridicamente qualquer impedimento de participar das eleições parlamentares uma importante melhoria para todos os pequenos partidos alemães. Porém, os 13 pontos do programa de governo do PARTEI para o caso de uma vitória eleitoral chegam a fazer rir e plantam dúvidas sobre a seriedade do grupo. Em letras brancas sob fundo vermelho, a legenda titula o programa com as palavras "Conteúdo a ser superado!" A primeira proposta do PARTEI é a de uma "cota para os preguiçosos", que sugere que 17% dos postos de liderança na economia alemã sejam ocupados com "preguiçosos, ociosos e pessoas que se esquivam de responsabilidades". O ponto 12 diz: "A chanceler alemã Angela Merkel precisa sair! Até o partido dela, a CDU, apoia essa proposta com maioria. Mas nossas exigências vão um pouco além: o PARTEI quer que Merkel seja assim como seu colega Hosni Mubarak, no Egito julgada em um tribunal. Naturalmente, dentro de uma jaula." A sátira substitui a política Só as eleições legislativas na Alemanha, marcadas para 22 de setembro, mostrarão até que ponto o programa do PARTEI irá realmente convencer os eleitores. Mas ninguém pode acusar o partido de falta de ambição: o objetivo do PARTEI é conseguir "pelo menos 100% dos votos". Sobre a questão do motivo pelo qual os alemães podem chegar a integrar um partido que é considerado uma piada, a artista Bea Winkler, da Associação Estadual do PARTEI em Hamburgo, explicou: "Se a política se torna uma sátira, a sátira também precisa entrar para a política. O que me interessa também é a ideia de podermos simular um partido político", completou a artista também bebendo uma cervejinha. Não se sabe ao certo o que motiva os membros do PARTEI: a seriedade, a diversão, a sátira ou a frustração com os partidos estabelecidos. O partido, no entanto, não pode ser acusado de falta de criatividade. Uma das sugestões para a cidade de Hamburgo é integrar o edifício da Filarmônica do Elba, que começou a ser construído em 2007 e ainda não foi terminado, em uma rede municipal de zepelins que poderia complementar o sistema de transporte público de forma "razoável". Mas, primeiro, os membros do partido em Hamburgo, liderados por Alexander Grupe, se preparam, assim como outros membros da legenda pela Alemanha, para a campanha eleitoral. Este ano, o PARTEI foi admitido para a disputa parlamentar alemã sem nenhuma objeção.

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