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Snowden encontra dificuldades sobre pedidos de asilo

08:08 | 02/07/2013
As tentativas de Edward Snowden de encontrar um asilo político, fora dos Estados Unidos, enfrentaram uma série de obstáculos nesta terça-feira e já foram rejeitadas pela Polônia e pela Índia. Contudo, dentre diversas respostas negativas, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, se disse "solidário" ao pedido de refúgio do delator.

Ex-funcionário da CIA e de uma empresa que presta serviços para o governo norte-americano, Edward Snowden ficou conhecido ao revelar informações sobre programas secretos de vigilância dos EUA. Desde então, ele tem buscado asilo político em diversas nações, inclusive Brasil, Rússia e diversos países da Europa.

Nesta terça-feira, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, afirmou que era solidário ao pedido de asilo do delator e comparou os relatos de espionagem de escritórios da UE, supostamente conduzidos pelos EUA, de "métodos da KGB".

Schulz afirmou à emissora pública ARD que Snowden tinha ajudado a causa global de transparência, expondo um suposto caso de espionagem dos EUA.

"Eu acredito que Snowden nos mostrou que os Estados Unidos da América trata seus parceiros mais próximos, incluindo a Alemanha, por exemplo, mas também a União Europeia como um todo, como potências hostis", disse ele.

"Isso é absolutamente inaceitável. É por isso que as autoridades terão de determinar, quando Snowden apresentar um pedido, se ele realmente está sendo perseguido politicamente".

"Mas eu sou solidário com este pedido", disse ele, quando questionado se a Alemanha deveria recebê-lo.

Schulz disse que os europeus estavam "profundamente decepcionados" com o presidente dos EUA, Barack Obama, à luz das alegações, acrescentando que as justificativas de segurança feitas em relação a espionagem pareceram falsas.

"Eu não posso imaginar que em instituições como a embaixada da UE em Washington havia atos terroristas sendo planejados. E é por essa razão que microfones foram instalados", disse ele, referindo-se a um dos supostos alvos de um programa de espionagem dos EUA. O caso fora exposto pelo Der Spiegel ao usar documentos fornecidos por Snowden.

"Estes são métodos que foram usados anteriormente pela KGB", disse ele referindo-se ao antigo serviço secreto soviético durante a Guerra Fria.

Já Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin, afirmou que Snowden retirou seu pedido de asilo quando o delator descobriu as condições de Moscou, segundo agências de notícias russas.

Putin havia dito na segunda-feira que a Rússia estava pronta para abrigar Snowden contanto que ele parasse de divulgar informações norte-americanas. Por outro lado, Putin havia dito que ele não tinha planos de entregar Snowden aos EUA.

Vários outros países para os quais, segundo o WikiLeaks, Snowden havia pedido asilo disseram que ele não pode fazer a solicitação em território estrangeiro. Autoridades na Alemanha, Noruega, Áustria, Finlândia e Suíça disseram que ele precisa iniciar o processo de refúgio político em seus respectivos territórios.

De acordo com o WikiLeaks, os pedidos foram feitos também para Bolívia, Brasil, China, Cuba, Equador, França, Islândia, Itália, Irlanda, Holanda, Nicarágua, Espanha e Venezuela, além de Rússia, Índia e Polônia.

Segundo o ministro de Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, o país não concederá abrigo a Snowden. "Um documento, que não atende as exigências formais para um pedido de asilo, chegou", escreveu Sikorski no Twitter. "Mas, mesmo que se [atendesse às exigências], eu não vou dar uma recomendação positiva".

A Índia também rejeitou a solicitação de asilo. "Após uma cuidadosa análise, concluímos que não vemos razão para concordar com o pedido", disse Syed Akbaruddin, um porta-voz do ministério de Relações Exteriores da Índia.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que está visitando Moscou, disse a jornalistas russos na terça-feira que seu país não recebeu um pedido de asilo de Snowden. Maduro evitou responder se ele poderá levar Snowden para a Venezuela.

Snowden, que está foragido desde a divulgação dos documentos referentes a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês), pode estar na zona de trânsito do aeroporto de Moscou. Ele teria chegado no local em 23 de junho, quando partiu de Hong Kong.

A assessora jurídica do WikiLeaks, Sarah Harrison, entregou os pedidos de asilo a um funcionário do consulado russo no aeroporto de Moscou no domingo, de acordo com o grupo.

Os EUA anularam o passaporte de Snowden e o Equador - esperança inicial de asilo de Snowden - vem dando sinais divergentes sobre um possível refúgio.

Entre outras respostas negativas ao delator, o presidente francês, François Hollande, disse que a França "não recebeu quaisquer pedidos particulares de Snowden". Ele também pediu uma posição comum da UE sobre a espionagem da NSA.

Uma porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China e um representante do ministério do Interior da Espanha disseram que não tinham conhecimento sobre possíveis pedidos de Snowden aos respectivos países. Fontes: Dow Jones Newswires e Associated Press.

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