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Morsi, do 'presidente de todos os egípcios' a homem que divide

Morsi é formado em Engenharia pela Universidade do Cairo em 1975 e obteve em 1982 um doutorado na Universidade da Carolina do Sul. Ele é casado e tem cinco filhos

20:01 | 03/07/2013
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Após a sua vitória em junho de 2012, Mohamed Morsi disse na Praça Tahrir que seria "o presidente de todos os egípcios" e o garantidor dos ideais democráticos da revolta que derrubou Hosni Mubarak. Um ano depois, ele deixa um país profundamente dividido depois de sua deposição pelo Exército.

Morsi denuncia um "total golpe de Estado", depois de ter afirmado na véspera que estava preparado para "dar sua vida" para defender uma "legitimidade" conquistada durante a primeira eleição presidencial democrática da história do país.

Sua forma arredondada, seu comportamento simples e seus gestos de fácil compreensão haviam contribuído para um momento de tranquilidade durante os primeiros meses do ex-dirigente da Irmandade Muçulmana à frente do Estado.

Mas rapidamente ele passou a ser visto por muitos egípcios como alguém ávido por poder, imbuído de uma ideologia político-religiosa, que levaria o país a um novo regime autoritário. Grandes manifestações foram realizadas para exigir a sua saída.

Alguns acusam este homem de 61 anos de ser apenas uma marionete do comando político da irmandade Muçulmana e a "ovelha" de seu guia supremo, o discreto Mohamed Badie.

O mais conhecido humorista do Egito, Bassem Youssef, faz sátiras com Badie todas as semanas em um popular show na televisão.

Nas ruas, os manifestantes usaram o mesmo lema utilizado dois anos antes durante a revolta contra Hosni Mubarak : "Fora!"

Seus partidários ressaltam que ele é o primeiro civil a chegar à Presidência, e que ele obteve sua legitimidade nas urnas. Os problemas que teve de enfrentar -administrações corruptas, problemas econômicos, tensões religiosas- não datam de sua chegada, lembram.

Viajando com frequência para o exterior, ele tentou integrar o Egito aos grandes países emergentes, como Brasil e China, e recorreu também aos ocidentais, principalmente aos Estados Unidos, aliados de longa data do Egito aos quais garantia que o tratado de paz com Israel não seria questionado.

Ele foi chamado de "peça de reposição" por ter substituído rapidamente para a eleição presidencial a primeira opção da Irmandade, o rico financiador do grupo Khairat al-Chater, que teve a sua candidatura invalidada.

Na defensiva durante suas primeiras aparições públicas, ele não tinha o perfil de um favorito à Presidência, de acordo com vários analistas. Mas ao final da campanha, Mursi foi beneficiado pela imensa rede de militantes da Irmandade Muçulmana contra seu rival, o ex-primeiro-ministro do presidente deposto Hosni Mubarak, Ahmed Shafiq.

Em agosto de 2012, ele neutralizou a instituição militar, colocando na reserva o poderoso marechal Hussein Tantawi, chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas.

De uma família humilde da região de Charqiya, no Delta do Nilo, Morsi é formado em Engenharia pela Universidade do Cairo em 1975 e obteve em 1982 um doutorado na Universidade da Carolina do Sul, nos EUA. Ele é casado e tem cinco filhos.

Deputado de 2000 a 2005, ele ficou na prisão em 2006 por sete meses. Em 2010, se tornou porta-voz do braço político da Irmandade Muçulmana. Fez na época declarações antissemitas que voltaram à tona recentemente na imprensa. Washington condenou-as com veemência, mas Mursi considerou que tinham sido retiradas de seu contexto.

Ele foi preso novamente depois por um breve período no dia 28 de janeiro de 2011, três dias após o início da revolta contra Mubarak. Por algum tempo, Mursi foi o líder do Partido da Liberdade e da Justiça, vitrine política da Irmandade Muçulmana.

AFP

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