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Mandela em 'estado vegetativo'; família pensa em desligar aparelhos

A família do líder afirma que "a expectativa de uma morte iminente está baseada em motivos reais e graves"

15:15 | 04/07/2013
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JOANESBURGO, 04 Jul 2013 (AFP) - O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela está em "um estado vegetativo permanente" e seus parentes já pensam em desligar os aparelhos que o mantêm vivo, segundo um documento judicial de 26 de junho.

"Ele está em um estado vegetativo permanente e respira por aparelhos. A expectativa de uma morte iminente está baseada em motivos reais e graves", escreveram quinze membros da família --incluindo sua esposa Graça Machel e sua filha mais velha Makaziwe-- na queixa apresentada contra Mandla, o neto de Mandela que exumou os restos mortais de três filhos do herói da luta contra o apartheid.

"O estado de saúde de Nelson Mandela se agravou e os médicos aconselharam a família Mandela a desligar os aparelhos que o mantêm vivo artificialmente. Para não prolongar o seu sofrimento, a família Mandela considera esta opção como altamente provável", de acordo com o advogado David Smith, que redigiu o documento.

A queixa, que termina com as palavras "eles esperam enterrar seu pai e avô", foi apresentada ao tribunal de Mthatha (sul) na quinta-feira, 27 de junho, um dia antes do início da audiência para decidir o caso da repatriação dos corpos para a cidade de Qunu (sul), onde o ex-presidente deseja ser enterrado.

A Presidência sul-africana havia anunciado na noite de 26 de junho que o presidente Jacob Zuma tinha cancelado uma viagem a Moçambique, suscitando temores de que o pior poderia acontecer com o paciente ilustre.

No dia seguinte, indicou que o estado de saúde de Mandela, hospitalizado devido a uma infecção pulmonar recorrente, era "crítico, mas estável".

Contatada pela AFP, a Presidência não quis comentar a queixa judicial. "Do nosso ponto de vista, fundado nos boletins médicos, o estado de saúde do ex-presidente é crítico, mas estável", repetiu o porta-voz Mac Maharaj, que pediu para que a confidencialidade médico-paciente fosse respeitada.

O tom desse documento contrasta com as declarações da esposa de Mandela, Graça Machel, que afirmou esta manhã que seu marido não tem sofrido.

"Há 25 dias estamos no hospital. Embora Madiba nem sempre esteja bem, não sofreu em nenhum momento", declarou à imprensa em uma coletiva de imprensa da Fundação Mandela, em Johannesburgo.

Com base na queixa apresentada pelos familiares de Mandela, o tribunal de Mthatha determinou na quarta-feira que o neto mais velho do herói nacional, Mandla, devolva os corpos de seu pai, tia e tio para Qunu.

Mandla decidiu sozinho em 2011 transferir os restos mortais ao povoado natal de seu avô, Mvezo, do qual é o chefe tradicional.

 

Corpos exumados em Qunu

Os restos mortais foram exumados quarta-feira à tarde sob o controle de um delegado, que precisou entrar à força na residência de Mandla para chegar ao local das sepulturas.

Os restos de Makaziwe, que morreu quando era bebê em 1948; de Thembekile, falecido em um acidente em 1969; e de Magkatho, morto vítima da Aids em 2005, foram transferidos a Mthatha, onde foram submetidos a uma análise forense.

Pouco depois, foram enterrados no panteão familiar de Qunu, confirmou a polícia.
Mandla Mandela não gostou que 15 membros de sua família tenham, recorrido à justiça e concedeu uma coletiva de imprensa para lavar a roupa suja da família.

"Estou no centro do ataque de indivíduos que buscam um minuto de glória e atenção midiática às minhas custas", declarou. Embora tenha negado querer "lavar roupa suja em público", ele atacou pessoalmente vários deles.

Sobre sua tia Makaziwe, ele disse: "Em vez de ser uma força de unidade, só ajudou a semear a divisão na família".

Também não poupou seu meio-irmão Ndaba: "Ele sabe que meu pai engravidou uma mulher casada e ele é o resultado desse ato".

Sobre seu outro irmão Mbuzo, atacou: "Fecundou minha própria esposa" (Anais Grimaud, da ilha de Reunião, para onde retornou depois).

A julgar pelas primeiras reações no Twitter, os sul-africanos não gostaram nem um pouco destas declarações.

"Felizmente, o legado político de Mandela é muito forte para ser destruído"; "A pessoa não escolhe a família que tem"; "Talvez seja um Mandela, mas não acredito que seja um Nelson...", postavam internautas na rede social.

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