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Intenções de Netanyahu nas negociações Israel-palestinos são incógnita

11:04 | 30/07/2013
Com o início de um novo ciclo de negociações entre israelenses e palestinos, os analistas se perguntavam sobre a vontade de alcançar a paz e as concessões que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, estaria disposto a fazer para alcançar um acordo.
"Tudo está em saber se Netanyahu deseja apenas iniciar um processo de negociações ou se realmente quer chegar a um acordo", resumiu o comentarista político da rádio pública israelense, Chico Menaché.
"É difícil saber se está disposto a fazer concessões territoriais sobre as colônias israelenses. O que é certo é que nunca mostrou um mapa" das fronteiras de um eventual Estado palestino, lembrou Menaché.
A ministra da Justiça, Tzipi Livni, chefe da delegação israelense nas negociações que foram retomadas em Washington, quase três anos depois de terem sido interrompidas, destacou que havia sido enviada para discutir em nome do governo israelense com o apoio de Netanyahu.
No entanto, Livni reconheceu novamente que o governo israelense está profundamente dividido.
"Há ministros que não querem chegar a um acordo ou ouvir falar da ideia de dois Estados", disse Livni.
"Outros ministros são indiferentes, mas esperam que as negociações não prosperem, e outros querem chegar ao fim do conflito", detalhou Tzipi Livni.
No primeiro grupo encontram-se os ministros da ala dura do Likud, o partido de Netanyahu, e do Lar Judaico, um partido nacionalista favorável à colonização.
No segundo, o partido de centro-direita Yes Atid (seu nome pode ser traduzido como Há Futuro), dirigido por Yair Lapid, o ministro das Finanças, que considera que o processo de paz não é uma prioridade.
Outro comentarista israelense, Ronen Pollak, estima que a reativação das negociações constitui um sucesso, "mas não terão nenhum significado se as discussões levarem a um beco sem saída".
Benjamin Netanyahu quer manobrar com habilidade a fim de que os palestinos "não tenham nenhum pretexto para implodir as negociações e acusar Israel" da ruptura, analisa Pollak.
O comentarista da televisão pública Hanan Cristal afirma, por sua vez, que Netanyahu está mais decidido do que nunca a ir adiante, embora reconheça que terá muitos obstáculos.
A dificuldade que Netanyahu teve no domingo para que o gabinete votasse a favor da libertação de 102 prisioneiros palestinos demonstra o que o espera se fizer muitas concessões durante as negociações.
Os ministros do Lar Judaico (12 deputados sobre 120), uma parte dos integrantes do Likud e do Israel Beiteinu, a formação ultranacionalista do ex-ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman, votaram contra.
Outros ministros do Likud se abstiveram, enquanto o ministro da Defesa, Moshé Yaalon, votou a favor, mas com reticências.
Yaalon insistiu para que Netanyahu seja intransigente na segurança e exija uma presença militar israelense de longa duração no vale do Jordão, indicou o canal privado de televisão 10.
Netanyahu aderiu tardiamente à "solução de dois Estados", em um discurso pronunciado no dia 14 de junho de 2009 na Universidade Bar-Ilan.
Desde então desenvolve sua visão de um Estado palestino colocando restrições inaceitáveis para a Autoridade Palestina.
Nos últimos meses, Netanyahu reiterou que era favorável a "um Estado palestino desmilitarizado que reconheça o Estado judeu" e "medidas de segurança firmes, assumidas pelo exército israelense".
No entanto, Netanyahu dispõe, segundo as últimas pesquisas, do apoio da opinião pública, uma vantagem considerável no momento de tomar as decisões.
Mais da metade dos israelenses (55%) estão dispostos a apoiar qualquer acordo de paz que o primeiro-ministro proponha.
Benjamin Netanyahu tem todas as cartas na manga, opina Hanan Cristal.
"Pode apostar na opinião pública para se contrapor aos que se opõem a qualquer acordo", sustenta.
AFP

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