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Fiéis fazem balanço positivo da Jornada Mundial da Juventude

09:02 | 29/07/2013
Milhões festejaram a fé cristã de forma pacífica em Copacabana. O papa pediu justiça social e visitou uma favela. Participantes do evento voltam para casa com boas impressões. Cansados e felizes, eles andavam por Copacabana neste domingo (28/07), carregando bandeiras não erguidas, como durante a vigília com o papa, mas sobre os ombros. Foram seis dias emocionantes para os jovens católicos que vieram de todos os continentes até o Rio de Janeiro, para celebrar com o papa a Jornada Mundial da Juventude. O clima foi melhorando a cada dia, ao longo de uma semana. Na missa inaugural, os peregrinos tiveram que se aquecer. O Rio foi tomado pelo mau tempo, chuva e frio incomuns. Copacabana parecia vazia. Mas as seguidas aparições do papa foram ocorrendo diante de um número cada vez maior de pessoas. A Via Sacra foi acompanhada por três vezes mais pessoas que o evento inaugural e, depois, ocorreram ainda a vigília com o papa e a missa de encerramento, quando milhões de pessoas se reuniram na praia mais famosa do Brasil para rezar, cantar e celebrar sua fé. O clima também ajudou, o sol se mostrou na praia de Copacabana, ajudando a criar a atmosfera que todos esperavam. "Pode-se dizer que esta foi a maior festa de praia do mundo", comentou o alemão Dominik Humm, de Frankfurt. "Com tantos jovens, milhões de fiéis, que celebraram a missa juntos. Foi uma dádiva dos céus." "A hospitalidade dos brasileiros foi impressionante", elogiou o capelão Thomas Müller, que acompanhou um grupo de jovens católicos de toda a Alemanha durante a Jornada Mundial da Juventude. Ele se disse impressionado com a forma como os jovens brasileiros vivem sua fé. "Mas o mais impressionante mesmo foi o Santo Padre", acrescentou. "A coragem que ele teve em dizer durante a vigília 'amigos, três coisas são importantes: a oração, os sacramentos e o serviço ao próximo', e, a partir daí, falou: 'vocês podem mudar o mundo'." Em sua viagem ao Brasil, o papa Francisco estabeleceu um foco muito claro: a luta contra a pobreza e pela justiça social. Ele visitou uma favela, reuniu-se com jovens infratores e com viciados em drogas. Durante a Via Sacra, falou da ligação de Jesus com "as vítimas da violência", com "as pessoas que passam fome", com "todos aqueles que são perseguidos por causa de sua religião, suas ideias ou simplesmente por causa de sua cor de pele". Em missa solene na Catedral do Rio de Janeiro, disse que os seminaristas devem "nadar contra a corrente" e afirmou que, para servir a Cristo, é preciso ir às favelas. Diante de representantes de empresas e da política brasileira, como a presidente Dilma Rousseff, expressou apoio às manifestações das últimas semanas: "Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo". Necessidade de mudança "Alguma coisa tem que mudar na sociedade brasileira", constata Bernd Klaschka, diretor da organização filantrópica alemã Adveniat, ligada à Igreja Católica e especializada em ajuda à América Latina. Klaschka faz um balanço positivo da visita do papa e da Jornada Mundial da Juventude, lembrando que o pontífice encorajou os jovens a lutar por mais justiça social. "Eles (os jovens) estão cheios de esperança de que as coisas mudem." Klaschka espera que os políticos estejam conscientes, após a visita do papa, de que têm que atender às demandas da juventude. Ele também acredita que a visita do sumo pontífice deu novo ânimo ao povo das favelas. "Eles receberam a visita do papa como uma honraria, como sinal de que ele os leva a sério." Sebastião Santos, presidente da ONG Viva Favela, no entanto, não acredita que a visita do papa vá mudar alguma coisa nas favelas a curto prazo. "Mas a longo prazo, algo deve mudar na sociedade após o apelo por mais responsabilidade social", avalia. Promover a fé Na missa de encerramento, o papa falou aos jovens peregrinos como missionários, pois este era o lema e o objetivo declarado da Jornada Mundial da Juventude: evangelizar e recuperar os muitos fiéis que a Igreja Católica vem perdendo nos últimos anos, especialmente na América Latina. Os jovens, disse o papa, devem ir às periferias e lá promover sua fé, mesmo para aqueles que "pareçam mais distantes, mais indiferentes". "O encerramento da Jornada Mundial da Juventude não é o fim", diz Juan Ferrera, do Uruguai, "mas apenas o começo". Ele acrescenta que agora os peregrinos voltam para suas comunidades, onde poderão espalhar o evangelho. "Nós queremos, com a nossa fé, levar alegria para a vida de todas as pessoas que estão sozinhas, que estão tristes ou presas na rotina de seu trabalho. Cristo é alegria. Essa é a nossa mensagem." No Rio, os peregrinos deixam um clima positivo. Não houve grandes protestos. Algumas centenas de pessoas participaram da Marcha das Vadias, na última noite de vigília, e defenderam o direito ao aborto e à contracepção. Mas as vozes críticas não chegaram a incomodar a maioria dos peregrinos. Tanto para o sul-americano Juan Ferrera como para o alemão Dominik Humm, não faltou nada ao evento. Eles não se incomodaram nem um pouco com o fato de o papa não ter dedicado uma só palavra à moral sexual católica e ao tema ecumenismo. Mas há peregrinos mais críticos. Estes esperam por palavras reformistas do papa Francisco durante a próxima Jornada Mundial da Juventude, que ocorrerá em 2016 na cidade polonesa de Cracóvia.

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