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ONG denuncia violação sistemática dos direitos dos médicos na Síria

14:36 | 06/06/2013
Organização Médicos Sem Fronteiras diz que hospitais e pacientes estão sob fogo cerrado e cobra maior pressão sobre o regime de Assad. Grupo pede mais ajuda para continuar operando no país. Há poucas semanas, mais um médico foi morto na cidade de Aleppo. Alguns policiais aforam até o seu consultório e simplesmente atiraram nele, conta um médico sírio que vive na Alemanha. Amigo da vítima, ele não quer ser identificado por temer represálias. O médico havia se recusado a cooperar com as forças de segurança sírias e foi executado no dia seguinte. Na Síria, hospitais, médicos e pacientes são alvos frequentes, explica o diretor do escritório alemão dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), Tankred Stöbe. A organização mantém cinco hospitais na Síria, abrigados discretamente em casas residenciais ou nas montanhas. A localização das clínicas é mantida em segredo para proteger pacientes, médicos e funcionários. Na Síria, em torno de 60% dos hospitais e 80% das ambulâncias foram destruídas nos combates, que já duram mais de dois anos. O sistema de saúde do país está à beira do colapso. Na conferência anual dos Médicos sem Fronteiras em Berlim, Stöbe ressaltou que a questão da segurança na Síria é extremamente complicada. Os médicos, afirma, estão frequentemente sob fogo cerrado. Não há garantias de segurança para o nosso pessoal, diz Frank Dörner, diretor da organização. As leis humanitárias internacionais garantem proteção especial a hospitais, médicos e pacientes, o que significa que não podem sofrer ataques das partes envolvidas nos conflitos. Mas, nos últimos anos, os médicos observam que há uma preocupante tendência à ruptura desses limites. Stöbe alerta que proteção internacional está seriamente comprometida. Nas guerras do Iraque e da Líbia, médicos e ambulâncias eram alvos de ataques. Dörner explica que na Síria, essas ocorrências já vêm acontecendo com frequência e que, tudo indica, deverão continuar. Pedido de doações A organização opera por conta própria apenas nas áreas controladas pelos rebeldes, uma vez que o regime sírio lhes nega acesso. Mesmo na cidade de Kusair, local de intensos combates que deixaram centenas de civis feridos, os Médicos Sem Fronteiras são proibidos de atuar. Ainda assim, a MSF dá apoio às redes de médicos e hospitais sírios nas áreas controladas pelo regime através do envio de medicamentos. Stöbe pediu ao governo alemão que pressione o regime sírio, de modo que permita o acesso de ajuda humanitária no país. Uma comissão investigadora das Nações Unidas apontou o uso de armas químicas no conflito, ainda que sem dizer se por parte dos rebeldes ou do regime de Bashar al-Assad. Stöbe afirma que nos hospitais da MSF não houve nenhum caso de pacientes com sintomas que pudessem indicar isso. A organização analisa que o conflito não tem perspectivas de terminar. A população síria precisará de ajuda nos próximos meses e até anos, observou Stöbe, ao mesmo tempo em que pedia mais doações para sua organização. Apenas para esse ano, a MSF estima precisar de 31 milhões de euros para poder operar no país. Stöbe alerta que, com a situação da forma que está, logo poderá precisar de ainda mais recursos.

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