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No 12º dia de contestação, Erdogan recorre ao uso da força contra manifestantes

Decidido a acabar com a agitação política, o primeiro-ministro Edorgan afirmou que a tolerância com os manifestantes havia chegado ao fim

15:46 | 11/06/2013
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ANCARA, 11 Jun 2013 (AFP) - O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, recorreu novamente ao uso da força contra os manifestantes opositores, ao retirar pela segunda vez as pessoas presentes na emblemática Praça Taksim de Istambul.

Decidido a acabar com a agitação política sem precedentes que atinge o país há doze dias, Edorgan afirmou que a tolerância com os manifestantes havia chegado ao fim.

"Falo para aqueles que querem continuar com estes acontecimentos, que querem continuar aterrorizando: este assunto acabou. Não haverá mais tolerância", afirmou Erdogan no Parlamento de Ancara aos deputados do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP).

Às 07h30 locais (01h30 de Brasília) as forças de ordem haviam retomado o controle da Praça Taksim ao expulsar centenas de manifestantes que passaram a noite no local com uso de gás lacrimogêneo, balas de borracha e canhões d'água.

Durante todo o dia foram registrados confrontos entre a polícia e grupos de jovens manifestantes armados com pedras e coquetéis Molotov.

No final do dia, milhares de manifestantes retornaram à praça, enquanto os

integrantes das forças de segurança se retiraram do local após três horas de confrontos.

A polícia deixou o centro de Taksim para se concentrar em seus arredores, cedendo lugar aos milhares de manifestantes. Mas uma hora depois, pela segunda vez, a multidão foi expulsa, em uma ação que provocou pânico e deixou muitos manifestantes feridos.

"Nós (a polícia) esperamos em frente ao centro cultural Ataturk apenas para assegurar que as bandeiras não serão substituídas durante a noite", explicou o governador de Istambul, Hüseyin Avni Mutlu, em sua conta no Twitter.

Mutlu reiterou que a polícia não iria agir para evacuar o pequeno Parque Gezi, próximo à Praça Taksim. O anúncio da destruição dessa área de lazer desencadeou o movimento de contestação.

Mais cedo durante o dia, Erdogan claramente ameaçou os manifestantes dizendo que "Gezi é um parque, não uma zona de ocupação".

"Convido todos aqueles que são sinceros a se retirarem", lançou.

Surpreendidos pela intervenção das forças de ordem, os militantes presentes no Parque Gezi receberam incrédulos a operação da polícia.

As manifestações na Turquia tiraram a vida de quatro pessoas, três manifestantes e um policial, declarou também o primeiro-ministro.

"Podem acreditar? Atacaram a Taksim e lançaram gases contra nós esta manhã, quando haviam se apresentado ontem à noite para conversar conosco", declarou um manifestante de 23 anos chamado Yulmiz.

O grupo ambientalista de defesa do Gezi também denunciou o uso da força.

"Ficaremos aqui enquanto nenhuma medida concreta for tomada para cumprir com os pedidos dos jovens que protegem a Taksim e o Parque Gezi", indicou.

Na tarde de segunda-feira, o governo turco anunciou que Erdogan havia decidido realizar na quarta uma reunião com representantes dos grupos de manifestantes, um gesto que foi considerado um sinal de flexibilização de sua postura.

"Nosso primeiro-ministro receberá alguns membros dos grupos que organizam estas manifestações", havia declarado na noite de segunda o vice-primeiro-ministro, Bulent Arinç. "Nosso primeiro-ministro ouvirá o que têm a dizer", acrescentou.

A ONG Greenpeace, convidada a esta reunião, afirmou que não participará. "Antes é preciso acabar com a violência", indicou.

A polícia deteve nesta terça-feira dezenas de pessoas, incluindo 73 advogados que denunciavam a intervenção policial no Palácio de Justiça de Istambul, indicou a Associação de Advogados Contemporâneos.

Após um fim de semana marcado por manifestações sem precedentes em várias grandes cidades do país durante as quais foram ouvidos gritos pedindo a renúncia de Erdogan, milhares de pessoas se reuniram na noite de segunda-feira em Istambul ao redor da Praça Taksim, e no centro de Ancara, a capital, os dois principais focos do protesto.

O primeiro-ministro, certo do apoio da maioria dos turcos, adotou um tom muito firme desde o início da crise, afirmando que os manifestantes deveriam esperar as eleições municipais de 2014 para expressar seu descontentamento.

Em 2011, seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), proveniente do movimento islamita, obteve 50% dos votos.

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