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Investidores deixam mercados emergentes por mudança de política do Fed

17:58 | 13/06/2013

PARIS, 13 Jun 2013 (AFP) - Os investidores estão abandonando os mercados emergentes, considerados de maior risco, por temer que o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) reduza os incentivos de política monetária adotados para dinamizar a economia.

Segundo Olivier Gayno, diretor de investimentos patrimoniais do HSBC Global Asset Management França, os mercados acionários dos países emergentes perderam "mais de 5% em um mês".

Nesta quinta-feira, as bolsas asiáticas caíram em Manila, Bangcoc e Jacarta, na esteira da de Tóquio, que caiu mais de 6%.

Isso se deve, entre outras coisas, aos temores de que tanto o Fed como o banco central do Japão modificarão suas políticas de compra de ativos estatais para aumentar o dinheiro circulante.

A enxurrada de liquidez permitiu sustentar os mercados atingidos pela crise, mas também estimulou os investidores a buscar ativos mais arriscados e, portanto, mais rentáveis. O Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou a alertar contra possíveis bolhas nessas regiões.

Agora, o dinheiro volta a buscar refúgios mais seguros e os países emergentes que, inicialmente, manifestavam mal estar pela chuva de dólares que chegava e valorizava suas moedas, prejudicando, portanto, suas exportações, agora tentam retê-lo.

O Brasil reduziu, a partir desta quinta-feira, a zero uma tarifa de 1% sobre as operações em dólares no mercado de futuros.

"O cenário mudou" devido às "novas condições do Federal Reserve", explicou, na véspera, o ministro brasileiro das Finanças, Guido Mantega. "Estamos reduzindo (a tarifa) para facilitar essas operações em dólares, para que haja uma oferta maior no mercado de futuros", completou Mantega, que até pouco tempo via na política de flexibilização monetária dos países ricos um risco de "guerra de divisas".

Nos últimos 12 meses, o real sofreu uma desvalorização de 24% frente à divisa norte-americana, encarecendo o preço dos bens importados e empurrando a inflação para cima.

O Banco da Indonésia também teve que apoiar sua moeda e medidas similares foram adotadas na Índia.

Para o ministro indonésio das Finanças, Chatib Basri, a inversão do fluxo de investimentos é um "fenômeno mundial" que obedece a "três razões": a progressiva redução de compras de ativos pelo Fed, o status quo adotado pelo Banco do Japão sobre sua política monetária e o do Banco Central Europeu, que baixou suas taxas de juros em maio, mas não em junho.

As ações não são as únicas afetadas. "São afetados todo tipo de ativos de países emergentes", afirma Mathieu L'Hoir, da Axa IM.

Nos países industrializados, devido à crise, os preços dos títulos de dívida soberana eram muito altos e as taxas de juros muito baixas. Existe agora, portanto, um "efeito de normalização" e isso gera "turbulências", explica L'Hoir.

A médio prazo, os movimentos de capital poderiam impactar negativamente a atividade econômica de alguns países.

Contudo, alguns veem nesta nova situação uma evolução positiva. "É bom que nossa economia volte a encontrar um equilíbrio", opinou o ministro tailandês de Finanças, Kittiratt Na-Ranong.

Kittiratt afirmou que seu país não tem a intenção de adotar medidas para frear a fuga de capitais.

"É normal que os que compraram a baixo preço obtenham seus lucros e mudem para outros ativos", disse.

Os economistas da Capital Economics acreditam que "a maioria dos países emergentes deve aceitar o recente movimento de vendas de suas divisas" e acrescentam que isso pode ser, inclusive, uma boa notícia para muitos deles.

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