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Fuga de Edward Snowden traz Wikileaks de volta às manchetes

08:08 | 29/06/2013
O ex-consultor da CIA Edward Snowden está foragido. Mas conta com apoio experiente. Ao que tudo indica a plataforma Wikileaks trabalha estreitamente com o denunciante, com vantagens para ambos os lados. Revelações espetaculares e um articulador brilhante que escapa às autoridades norte-americanas os tempos em que o Wikileaks ocupava as manchetes foram-se, há muito. O vídeo em que, com comentários cínicos, um soldado norte-americano fuzila civis iraquianos, já data de vários anos. O informante do Wikileaks Bradley Manning responde a processo diante de um tribunal dos Estados Unidos. E Julian Assange, o fundador da plataforma, segue exilado na embaixada do Equador em Londres. As doações também diminuíram drasticamente, depois que operadoras de cartões de crédito e serviços de pagamento online boicotaram a plataforma. O Wikileaks ameaçava cair na obscuridade até a semana passada. Então, o Wikileaks anunciou em seu site que Edward Snowden, o ex-consultor da CIA que denunciou o programa de vigilância de dados Prism, pedira ajuda à plataforma para encontrar asilo político. Numa entrevista, no início de junho, ele havia tornado públicos os métodos de controle de dados dos serviços secretos americano e britânico. Desde então, Snowden foge das autoridades dos Estados Unidos. O especialista em informática de 30 anos é acusado de espionagem, podendo pegar uma longa pena de reclusão. Para o Wikileaks, era natural ajudar o whistleblower do serviço de inteligência dos EUA, disse à Deutsche Welle o jornalista islandês Kristinn Hrafnsson, porta-voz da plataforma: "Nós somos aliados, porque ambos reconhecemos a importância dos informantes. Então é bem natural estendermos a mão a ele e o ajudarmos". Apoio jurídico A plataforma Wikileaks presta principalmente assessoria legal. Desde o pedido de asilo de Assange, os advogados da plataforma já têm vasta experiência nessa área. Além disso, o Wikileaks ajudou Snowden ao encaminhar seus pedidos de asilo a diferentes países, como Hrafnsson já explicara há alguns dias: "Eu transmiti ao governo islandês a notícia de que o Sr. Snowden procura asilo na Islândia. Pedidos semelhantes foram feitos a outros governos". No entanto, as requisições ainda não obtiveram resposta, informou. De acordo com o porta-voz, o próprio Assange teria tido mais sorte. Após conversas com o ministro equatoriano do Exterior, o país haveria emitido um "documento especial de viagem", permitindo a Assange viajar para o Equador através de países de trânsito. Essas afirmações de Hrafnsson, no entanto, foram desmentidas pelo governo equatoriano na última quinta-feira (27/06). No último domingo, Snowden conseguiu deixar Hong Kong em direção a Moscou. Durante a fuga, o denunciante não estava só. Ele foi acompanhado por funcionários do Wikileaks. Entre eles, encontrava-se também Sarah Harrison, uma antiga jornalista associada a Assange. O suposto objetivo deles: levar o whistleblower para o Equador, passando por Cuba e pela Venezuela. Contudo, o assento no avião de Moscou a Havana permaneceu vazio. Aparentemente, houve problemas com o passaporte de Snowden, cancelado pelo governo americano. Longa procura por asilo Além disso, os Estados Unidos ameaçam o Equador com retaliações econômicas caso seja concedido asilo ao ex-funcionário do serviço de inteligência. O país exporta flores, verduras e peixe para os EUA com vantagens alfandegárias. Mas aparentemente Quito não pretende ceder a pressões do gênero: o ministro equatoriano da Informação, Fernando Alvarado, anunciou que no futuro seu país irá dispensar as vantagens alfandegárias. No entanto, o ministro do Exterior, Ricardo Patiño, deixou claro que o pedido de asilo de Snowden pode levar de um a dois meses para ser processado. De acordo com a secretária de Gestão Pública do Equador, Betty Tola, a decisão só pode ser tomada quando Snowden chegar a solo equatoriano. Isso está previsto na lei de seu país, explicou. Ainda não está claro se e quando Snowden conseguirá viajar. Pois sem passaporte e sem visto, ele não pode deixar a área de trânsito do aeroporto, e muito menos chegar à embaixada equatoriana em Moscou. Os Estados Unidos pressionam para que Moscou permita a extradição do denunciante, mas o governo se recusa. O presidente russo, Vladimir Putin, observou que Snowden não violara nenhuma lei na Rússia. Além disso, a área de trânsito do Aeroporto Scheremetyevo de Moscou não se encontra sob jurisdição russa. De acordo com informações da Rússia, o ex-consultor da CIA ainda se encontra no aeroporto de Moscou. Ele está em segurança e com boa saúde, revelou o porta-voz Hrafnsson à Deutsche Welle. E acrescenta que a plataforma de revelações ainda não se beneficiou do novo interesse de mídia, e que sua situação financeira continua difícil: "Ainda estamos lutando contra o bloqueio bancário, que nos isola das doações".

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