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Ex-chefe de gabinete de diretora do FMI em prisão preventiva

Também está em prisão preventiva Jean-François Rocchi, ex-presidente do Consórcio de Realização, entidade que administrava o passivo de banco

16:15 | 10/06/2013

PARIS, 10 Jun 2013 (AFP) - O ex-chefe de gabinete da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, quando esta era ministra francesa da Economia, Stéphane Richard, está em prisão preventiva como parte da investigação sobre a arbitragem da disputa entre o empresário Bernard Tapie e o banco Crédit Lyonnais em 2008, informaram nesta segunda-feira, 10, fontes ligadas ao caso.

Também está em prisão preventiva Jean-François Rocchi, ex-presidente do Consórcio de Realização, entidade que administrava o passivo de banco.

O ex-diretor de gabinete de Lagarde, atual presidente da gigante francesa das telecomunicações Orange (ex-France Telecom), é interrogado sobre o papel e a responsabilidade do Ministério francês da Economia e da Presidência francesa na decisão tomada em 2007 de recorrer a uma arbitragem privada para acabar com o litígio Tapie e o banco francês a respeito da venda da empresa de roupas

esportivas Adidas.

A Orange já indicou que Richard continua sendo seu presidente durante sua prisão preventiva.

O ministro francês de Economia e Finanças, Pierre Moscovici, anunciou nesta segunda-feira que o Estado vai se declarar demandante nas próximas horas neste caso.

"Trata-se de representar o Estado, de representar o contribuinte, de representar o cidadão a partir do momento em que surgem elementos novos", acrescentou.

Segundo uma fonte governamental, esta demanda levará provavelmente a um recurso de revisão de arbitragem, que permitiu a Tapie receber 403 milhões de euros em indenizações.

No âmbito deste caso, a justiça francesa declarou no fim de maio a diretora-gerente do FMI testemunha assistida, uma situação intermediária entre a de testemunha e a de acusado.

Os juízes de instrução tentam saber se ocorreram irregularidades no procedimento e determinar as responsabilidades na decisão de recorrer a um tribunal privado. Analisam, em particular, o modo de designação dos juízes do tribunal arbitral e a decisão do governo de não impugnar a arbitragem, embora existissem suspeitas de irregularidade.

A prisão preventiva do ex-chefe de gabinete de Christine Lagarde é decidida doze dias depois do indiciamento de um dos juízes-árbitros, Pierre Estoup, por fraude, o que representou uma guinada espetacular no caso.

O papel da presidência e do Ministério da Economia Os juízes suspeitam que Estoup favoreceu a arbitragem e não informou, na época, que já tinha participado de arbitragens por outros casos, com o advogado de Tapie, Maurice Lantourne.

Richard será interrogado, sem dúvida, sobre o papel que tiveram então o Ministério da Economia e a presidência francesa, quando Lagarde ocupava esta pasta e Nicolas Sarkozy era chefe de Estado.

Lagarde sempre reivindicou a responsabilidade da decisão de recorrer à arbitragem e de não pedir sua anulação.

Não houve "nem ordem, nem instruções, nem pressões particulares" por parte da presidência, afirmou várias vezes Richard.

Segundo o jornal francês Le Canard Enchaîné, Richard disse o contrário em declarações ao jornal, evocando uma "instrução" transmitida por Claude Guéant, então secretário geral da presidência, durante uma reunião que teve com ele e com Jean-François Rocchi em 2007.

Por outro lado, Stéphane Richard afirmou à AFP que a decisão de recorrer à arbitragem foi proposta por Rocchi durante essa reunião em 2007, o que o interessado desmentiu pouco depois. Rocchi explicou que se limitou a fazer "o estudo" da proposta (emitida pelos liquidantes do grupo Tapie) a pedido de Stéphane Richard.

Os dois homens "poderiam ser submetidos a uma confrontação durante sua detenção preventiva", indicou uma fonte próxima ao caso.

Durante a reunião que manteve em meados de 2007 com Guéant, Stéphane Richard afirmou que tinha "aparecido claramente que a situação da arbitragem era validada pelo presidente", Nicolas Sarkozy, que nunca ocultou isso.

"Todo o mundo estava de acordo na época", disse Richard, limitando seu papel ao de "interlocutor" que representava o Ministério da Economia entre o Consórcio de Realização e o palácio presidencial do Eliseu.

"O presidente sabia perfeitamente", afirmou também Henri Guaino, ex-conselheiro especial de Nicolas Sarkozy.

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