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Terrorismo islâmico ofusca eleições no Paquistão

13:00 | 10/05/2013
Mais de 120 pessoas foram mortas em ataques de extremistas islâmicos contra centrais partidárias e ativistas políticos que apoiam governo. Campanha eleitoral é tida como a mais sangrenta da história do país. As eleições parlamentares deste sábado (10/05) no Paquistão transcorrem ofuscadas pela violência terrorista. Durante a campanha eleitoral, mais de 120 pessoas foram mortas em ataques contra candidatos e centrais partidárias. A Comissão de Direitos Humanos do Paquistão já classificou o pleito como o mais sangrento dos 66 anos de história do país. Na sexta-feira, mais quatro pessoas foram mortas na explosão de uma bomba depositada numa motocicleta na região de fronteira com o Afeganistão. A detonação ocorreu perto de centrais de campanha de vários partidos. Um porta-voz dos talibãs exortou a população a ficar longe das urnas neste sábado. Os radicais islâmicos consideram a eleição como "anti-islâmica" e ameaçam enviar homens-bomba a diversos pontos do país no dia da votação. O governo quer proteger as 70 mil centrais de campanha com um contingente policial de 600 mil homens. Mudança de mentalidade "Precisamos mudar a mentalidade que impede o desenvolvimento do país. Temos que derrotar aqueles que chicoteiam mulheres, atacam mesquitas e tiram de moças como Malala Yousufzai seu direito à educação", afirmou Bilawal Bhutto Zardari, presidente do Partido Popular Paquistão (PPP), numa recente mensagem de vídeo a seus simpatizantes. Por questões de segurança, o filho da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, assassinada em dezembro de 2007, deixou o país pouco antes da eleição legislativa. O PPP tem governado o país nos últimos cinco anos, juntamente com o Partido Nacionalista Awami (ANP, na sigla em inglês) e o Movimento Muttahida Qaumi (MQM). Nenhum dos três partidos pode realizar mais eventos públicos durante a fase quente da campanha. O motivo: seus líderes e funcionários são alvos dos talibãs paquistaneses. Pelo fato de os partidos do governo terem que se abster de comícios públicos, a campanha é realizada através de cartazes, em talk shows e de mídias sociais. De acordo com o ANP, representado na última legislatura com 13 assentos no Parlamento, militantes islâmicos já mataram mais de 700 ativistas da legenda. Não violência como resposta Entretanto, o partido não se pauta por vingança. "A não violência é a nossa arma contra o terrorismo", afirmou o secretário-geral do ANP, Ehsan Wyne. "Quando os talibãs aceitarem a autoridade do governo, a Constituição e a ordem democrática, estaremos prontos para negociar com eles." No entanto, os talibãs paquistaneses sempre rejeitaram essa oferta. O outro partido da coalizão, o MQM, cujos eleitores vivem na província de Sindh, especialmente em Karachi, capital financeira, teve que fechar seus escritórios de campanha. De acordo com o MQM, em poucos dias os extremistas assassinaram 25 candidatos e ajudantes de campanha da agremiação. Em contraste, os talibãs não incomodam a Liga Muçulmana (PML-N), do ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, nem o Movimento para Justiça (PTI), do ex-astro do críquete Imran Khan. Ambos os partidos desejam negociar com os talibãs sem pedirem condições prévias. "Necessidade de compreensão mútua" "Essa política que nos levou ao pântano terrorista tem que mudar", diz também Farid Paracha, do partido islâmico Jamaat-e-Islami. "O diálogo é necessário, para sabermos a posição do outro lado e para dissiparmos equívocos mútuos." Imran Khan, frequentemente retratado como político populista, também é a favor de uma mudança de estratégia em relação aos talibãs. "Por quanto tempo nossos militares continuarão bombardeando seus próprios compatriotas?", questiona. Na opinião dele, a esperança para o Paquistão está "numa verdadeira democracia e num governo verdadeiramente soberano, que possa conduzir negociações com os talibãs". O analista político Hasan Askari Rizvi lembra que PML-N e PTI condenam o terrorismo, mas não assumem uma posição contra as organizações militantes, "Eles não querem perder votos entre os fundamentalistas", aponta. Em entrevista à DW, Rizvi observou, contudo, que independentemente do resultado do pleito, o vencedor não terá total liberdade de ação. "Mesmo se um partido que defende uma posição moderada em relação aos talibãs chegar ao poder, não conseguirá suspender as ações militares contra os extremistas. Independentemente de quem for eleito, as ações militares continuarão, paralelamente às negociações." MD/dw/afp/epd

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