PUBLICIDADE
Notícias

Novo governo traz perspectivas positivas para o Paquistão

12:33 | 13/05/2013
Deposto duas vezes nos anos 1990, Nawaz Sharif deve ser premiê pela terceira vez, num resultado eleitoral que, num país que sofre com violência, corrupção e escassez, foi interpretado como mostra de insatisfação. Quatorze anos após o golpe militar que o depôs, Nawaz Sharif comemora uma triunfal vitória eleitoral no Paquistão. Já no sábado (11/04), em seguida ao encerramento das urnas, ele já se declarara vencedor. O candidato da Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz (PML-N, na sigla em inglês) superou tanto o Partido do Povo do Paquistão (PPP), do governo, quanto a legenda do ex-astro do cricket Imran Khan, a Paquistão Tehreek-e-Insaaf (PTI). Sharif e seus correligionários festejaram o resultado na metrópole Lahore. Diante da multidão em júbilo, ele conclamou todos os partidos políticos a cooperarem para a solução dos problemas do país. No entanto, também Imran Khan, novato na política, alcançou êxito considerável. Embora a comissão eleitoral ainda tenha até 14 dias para confirmar o resultado e nomear o vencedor, já está delineado que o partido do ex-campeão conseguiu o segundo ou o terceiro lugar. No domingo, Khan admitiu que o PML-N foi o partido mais forte nessas eleições. No momento, ele está hospitalizado, recuperando-se da queda que sofreu do palco durante um evento eleitoral. "O resultado demonstra que os eleitores estão extremamente insatisfeitos com a governança dos últimos anos. Eles responsabilizam o PPP pela crise econômica e a escassez de energia elétrica no país", declarou à DW Britta Petersen, diretora do escritório da Fundação Heinrich Böll em Islamabad. O retorno do "Leão" As atuais eleições marcam a primeira vez, desde a independência do Paquistão, em 1947, que um governo civil, após o fim de seu mandato, é sucedido por outro eleito. O dia da votação foi ofuscado por atentados e agressões por parte de extremistas em todo o país, resultando em mais de 20 mortes. Ainda durante a campanha eleitoral, vários ataques já haviam feito mais de cem vítimas. Apesar da precária situação de segurança, o comparecimento às urnas foi superior a 60%, o maior desde 1977. Em diversas localidades, o horário de abertura das urnas foi até estendido, devido à grande afluência dos votantes. Esse será o terceiro mandato de Nawaz Sharif como primeiro-ministro paquistanês. Ele já esteve de 1990 a 1993 e de 1997 a 1999 à frente do governo em Islamabad, sendo prematuramente deposto ambas as vezes. Em 1992, foi afastado pelo então presidente Ishaq Khan e pelos militares, sob a acusação de corrupção. Em 1999, Sharif exilou-se na Arábia Saudita, após um golpe de Estado do então comandante do Exército Pervez Musharraf. Durante vários anos, não houve notícias do "Leão de Punjab" como é apelidado por seus seguidores. No entanto, desde seu retorno ao país, em 2007, ele tem consequentemente  trabalhado para reconstruir sua imagem política. Grandes desafios O futuro governo do Paquistão se encontra diante de grandes desafios. Há anos a nação sofre com terrorismo e violência, a economia atravessa uma crise, e cerca de 20% da população vivem em extrema miséria. A escassez de energia e a corrupção foram outros aspectos já tematizados durante a campanha eleitoral. "O fato de um único partido ter conseguido se tornar tão forte significa que o futuro governo não será fraco. Desse modo, o Paquistão poderá se fortalecer, tanto política como economicamente", observa o cientista político paquistanês Mubashir Zaidi. Quanto à política econômica, Nawaz Sharif persegue o caminho da economia de mercado. Portanto, é de se esperar que ele venha a procurar novos impulsos de crescimento através de privatizações, antecipa Zaidi. Na política, Sharif se opõe à interferência das Forças Armadas no governo. A história paquistanesa é plena de golpes de Estado, porém nos últimos cinco anos os militares têm se mantido fora da política e apoiaram as eleições. Além disso, Sharif exige o fim do emprego de aviões não tripulados dos Estados Unidos na luta contra os extremistas. No entanto, Britta Petersen, da Fundação Heinrich Böll, avalia assim a situação: "O Paquistão é economicamente dependente dos EUA. Desse ponto de vista, não é de se esperar grandes mudanças nas relações de política externa." Concentração na política interna Especialistas encaram a vitória do PML-N de diferentes formas. Do ponto de vista externo, Nawaz Sharif poderá se empenhar por uma melhoria das relações com a vizinha Índia. Por outro lado, os esforços por uma ampliação das relações econômicas bilaterais estão, por enquanto, congelados. "Já dois dias atrás, numa entrevista a uma TV indiana, Sharif havia anunciado que seu governo queria melhorar as relações com a Índia", lembra Mubashir Zaidi, que considera necessário o Paquistão não perder tempo com atritos com os países vizinhos, e sim concentrar-se no progresso nacional. "O Talibã já antecipara que estaria disposto a aceitar ofertas de diálogo, caso o PTI ou o PML-N fizessem parte do novo partido governo." Também Sharif sugeriu que conversaria com os talibãs, com om objetivo de dar fim ao terrorismo no país.

TAGS