PUBLICIDADE
Notícias

Moscou detém 'agente da CIA' e denuncia 'provocação' digna de guerra fria

15:07 | 14/05/2013

MOSCOU, 14 Mai 2013 (AFP) - A Rússia declarou nesta terça-feira, 14, persona non grata o diplomata americano apresentado como um agente da CIA desmascarado em Moscou, denunciando sua tentativa de enganar um membro dos serviços secretos russos como uma "provocação" digna da "guerra fria".

"O agente da CIA Ryan C. Fogle, trabalhando com o cargo de fachada de terceiro secretário do Departamento Político da embaixada, foi detido na noite de segunda-feira" enquanto tentava recrutar um representante dos serviços secretos russos em troca de uma grande soma de dinheiro, anunciou o FSB (Serviço Federal de Segurança, ex-KGB), citado pelas agências de notícias russas.

O Ministério russo das Relações Exteriores declarou o diplomata persona non grata e exigiu sua saída "o mais rápido possível". O embaixador americano, Michael McFaul, foi convocado para quarta-feira pelo ministério russo.

"O arsenal clássico do espião descoberto com ele, além de uma grande soma em dinheiro, desmascarou um agente estrangeiro pego em flagrante delito e suscitam sérias questões em relação à parte americana", ressaltou a diplomacia russa.

"No momento em que nossos presidentes manifestaram sua vontade de cooperar pela via dos serviços especiais na luta contra o terrorismo, atos provocadores como esse no espírito da guerra fria não contribuem para reforçar a confiança mútua", acrescentou.

A rede de televisão estatal russa, Pervyi Canal, divulgou um vídeo filmado pelo FSB que mostra a detenção. Os serviços russos indicam que o russo que a CIA tentava recrutar é um oficial encarregado do combate ao terrorismo no Cáucaso.

A gravação mostra Ryan Fogle depois da detenção, sentado em um quarto, cercado por três funcionários da embaixada americana. Eles ouvem um representante dos serviços russos, com o rosto ocultado.

"Não acreditamos em um primeiro momento que algo assim pudesse acontecer.

Sabem muito bem que o FSB coopera ativamente (com os Estados Unidos) na investigação sobre os atentados de Boston", é possível ouvir na gravação.

"Este cidadão cometeu em nome dos Estados Unidos um crime gravíssimo aqui em Moscou. Têm perguntas sobre o que estamos mostrando a vocês?", prossegue o membro do FSB.

Os canais de televisão russos mostraram fotos da detenção nas quais é possível ver uma pessoa imobilizada no chão por agentes russos, com as mãos nas costas.

Em outras imagens, aparece um material para disfarces, como perucas, óculos escuros, assim como um velho modelo de telefone celular, um mapa de Moscou e várias notas de 500 euros.

A televisão pública em inglês RT divulgou trechos do que se apresentou como uma carta destinada ao suposto espião russo.

"Querido amigo (...) Estamos dispostos a lhe oferecer 100.000 dólares e a conversar sobre sua experiência e a uma colaboração a longo prazo", estava escrito.

O americano foi entregue à embaixada depois dos "procedimentos necessários", indicou o FSB.

"Nos últimos anos, os serviços secretos americanos tentaram em várias ocasiões recrutar colaboradores das forças de segurança e dos serviços secretos russos", revelou o FSB.

Consultado para confirmar, desmentir ou comentar o incidente, o embaixador americano respondeu laconicamente no Twitter: "Não".

As relações entre russos e americanos se deterioraram desde que Vladimir Putin voltou ao Kremlin, em maio de 2012, para um terceiro mandato.

O último escândalo de espionagem entre os dois países foi em 2010, quando dez agentes "latentes" russos foram detidos nos Estados Unidos e depois expulsos para Moscou em um episódio digno da guerra fria.

Os Estados Unidos os trocaram por quatro russos, dos quais três tinham sido condenados por espionagem para os ocidentais.

TAGS