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Kerry ameaça aumentar apoio a rebeldes se Assad não cooperar

17:50 | 22/05/2013
Reunido em Amã, grupo Amigos da Síria prepara conferência em Genebra convocada por EUA e Rússia e apela para que ditador colabore com esforços de paz. Analistas são céticos quanto a sucesso do encontro. O secretário de Estado americano, John Kerry ,alertou nesta quarta-feira (22/05), em Amã, para que o ditador sírio, Bashar al-Assad, coopere com os esforços internacionais pela paz em Genebra, afirmando que, caso negativo, os EUA poderão aumentar seu apoio aos rebeldes. "No caso de não conseguirmos achar que caminho tomar, se o regime de Assad não estiver disposto a negociar em Genebra, de boa fé, então, vamos falar também de nosso apoio contínuo e crescente à oposição, a fim de permitir-lhes continuar a lutar pela liberdade de seu país", disse Kerry. O encontro na capital jordaniana reúne 11 ministros do Exterior do chamado grupo Amigos da Síria, para procurar saídas para a crise na região. No centro da reunião, está mais uma conferência de paz sobre a Síria em Genebra, convocada semana passada por Kerry e pelo chanceler russo, Sergei Lavrov. Ainda é incerto se a conferência realmente será realizada. Assad saudou a iniciativa há alguns dias, em uma conversa com jornalistas argentinos, prometendo dar seu apoio, mas, ao mesmo tempo, expressou reservas. "Continuamos céticos quanto à seriedade da intenção de alguns governos ocidentais em procurar uma solução política realista", disse Assad na entrevista, também publicada pela agência de notícias oficial síria Sana. Os ministros do Exterior também terão que convencer a oposição síria, cuja principal organização, a Coalizão Nacional Síria de Oposição e Forças Revolucionárias, também estabelece limites para o encontro. "A Coalizão Nacional estabeleceu no parágrafo 5 da sua Constituição, de novembro de 2012, que negociações ou o diálogo com o regime não são possíveis", declarou o porta-voz da agremiação, Hisham Marwah, em entrevista à Deutsche Welle. "Qualquer mudança exige uma determinação oficial preliminar", observou, acrescentando que o grupo ainda pretende decidir sobre medidas adicionais nos próximos dias. Mudança no equilíbrio militar Uma questão importante para os ministros reunidos em Amã é, além da tarefa básica de convencer as partes em conflito a participarem do encontro, o problema da data da conferência que pode ser crucial para o sucesso do evento. Segundo a versão online da revista alemã Der Spiegel, o Serviço Federal de Informações (BND) chegou a uma reavaliação fundamental do equilíbrio de poder militar na Síria, segundo a qual o Exército de Assad está numa posição forte como há muito não estava, tendo expulsado os rebeldes de partes de Damasco e conseguido cortar suas rotas de abastecimento para o sul. Além disso, as forças de segurança do governo teriam conseguido retomar o controle da área central de seu poder, entre Damasco e Homs. Se essas análises estiverem realmente corretas, o regime Assad provavelmente tem pouco interesse que a conferência seja realizada o mais em breve possível. Marwah também acredita na teoria. "A violência vai continuar até que o regime acredite que pode chegar à conferência em uma boa posição de negociação." Por isso, o porta-voz da Coalizão lança um apelo à Europa e aos Estados Unidos para que façam pressão política sobre Rússia e China no sentido de convencê-los a tirar o apoio ao regime Assad. "Além disso, precisamos de armas. Porque o que estamos testemunhando é um ataque contra a população síria." Poucas expectativas Joachim Hörster, membro da comissão de Política Externa do Parlamento alemão, não tem muita esperança que a conferência obtenha grandes resultados, em vista da determinação com a qual ambos os lados do conflito na Síria estão atuando. "Só o fato de ela ser realizada já seria um grande sucesso", admitiu, em entrevista à DW. "Mas é improvável que seja obtida uma solução política, porque até agora ambos os lados defendem posições difíceis de se conciliar." Hörster recomenda uma política de pequenos passos. "Primeiro, ambas as partes devem ser levadas a uma posição que permita que a população receba assistência humanitária. Esse é o ponto mais urgente de todos", ressalta. Caso a conferência ocorra, é importante que o conflito sírio não seja conectado a outras disputas centrais da região, como o programa nuclear iraniano", recomenda o político. "Se o desejo de ajuda humanitária for interligado à questão nuclear iraniana, as negociações fracassam logo de início", alerta. "Por isso, temos que separar esses dois temas." A situação na região é complexa, muitos interesses estão em jogo. Potências regionais e internacionais temem perder suas áreas de influência. Segundo o jornal árabe Al Hayat, este detalhe contribui para tornar a solução do conflito ainda mais difícil. "Entre a maioria dos envolvidos na crise, o medo é o fator mais importante, desde os EUA, passando pela Turquia, até os Estados do Golfo. E não é exagero afirmar que as partes ameaçadas, ou seja, o regime da Síria e o Hisbolá, são aqueles que têm menos medo. Pois, para eles, é um caso de vida ou morte. Eles estão contra a parede."

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