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Estados Unidos enfrentam estagnação política

12:39 | 14/05/2013
A agência de avaliação de crédito Standard & Poors tirou recentemente dos EUA a melhor nota mantida até então pelo país. No Congresso, as ideologias se chocam, dificultando o consenso. Em Washington, ficou difícil conduzir processos políticos. No Congresso norte-americano, ideologias contrárias se chocam, tornando acordos praticamente impossíveis. Um exemplo claro é a reforma do sistema de saúde, um projeto exemplar do presidente Barack Obama. Seu Partido Democrático conseguiu aprovar o projeto, apesar da resistência veemente dos republicanos conservadores, mas a consequência disso é a impossibilidade de acordos em outros setores, como nos de educação e meio ambiente. Divergências sobre a função do Estado Ao lado da tentativa de introduzir um seguro de saúde para todos, a busca de um caminho para sair da armadilha do endividamento é o maior problema discutido pelo Congresso. Em fins de dezembro de 2012, republicanos e democratas só conseguiram chegar a um acordo por um breve período de tempo. A inadimplência do Estado só pôde ser tratada provisoriamente. As frentes contrárias no Congresso permaneceram, contudo, impassíveis. Enquanto os democratas querem reaquecer a conjuntura através de subsídios massivos, os republicanos, que depois das eleições do segundo semestre de 2012 detêm a maioria do Congresso, impedem isso com o argumento de querer diminuir as despesas do Estado. As sugestões de ambos os partidos são distintas a respeito da intensidade da intervenção do Estado nas questões civis. O princípio da solidariedade, de um lado, colide com a ideia de uma economia de mercado isenta de barreiras, de outro. Entre os que observam um Estado regulador com desconfiança está o senador republicano Marco Rubio, que seguidamente ataca o presidente Obama: "O governo é sabiamente freado pela Constituição. Ele só pode exercer suas tarefas quando os limites constitucionais forem respeitados", comenta o republicano. De acampamento a movimento internacional de protestos Entre os grandes partidos surgiu uma divergência a respeito das tarefas mais elementares do governo. Grupos de interesse influentes fora do Congresso acirram o conflito. Occupy Wall Street é um dos maiores entre eles. O movimento de protesto empenha-se por mais justiça social, contra o poder dos bancos e a influência da economia na política. Os manifestantes, que não têm uma estrutura coesa de organização, atraíram a atenção através de ações espetaculares no bairro que concentra a sede dos bancos em Nova York e através da desobediência civil. O que começou como um acampamento no Parque Zuchotti de Nova York cresceu assustadoramente, tendo se transformado num movimento internacional de protestos. Um fato importante neste contexto foi a disseminação de mensagens através de redes sociais. No entanto, nos últimos tempos, o Occupy Wall Street passou a atrair menos atenção. Tea Party em ascensão Os grupos de interesse de direita também se organizam. O movimento Tea Party, criado como uma resposta à crise financeira de 2009, é um dos mais fortes e mais radicais entre eles. O movimento apoia principalmente os republicanos conservadores e entende-se como um movimento civil. Grande parte dos recursos que sustentam o movimento vêm, contudo, dos irmãos bilionários David e Charles Koch, que querem acima de tudo defender interesses econômicos próprios: menos impostos e menor regulação por parte do Estado. Um mercado sem influência estatal é a meta dos seguidores do Tea Party. Embora esses movimentos defendam posições políticas distintas, o presidente Obama vê características comuns entre os manifestantes das diversas alas: "Os protestos do Occupy não se diferenciam muito das do Tea Party. Dos dois lados, tanto da esquerda quanto da direita, as pessoas se sentem deixadas de lado pelo governo", comparou o presidente numa entrevista concedida em fins de 2011. Agrupamentos de esquerda exigem mudança de pensamento Sindicatos e organizações ambientais tentam, através de posturas políticas muito concretas, influenciar a política de Washington, que é, a seu ver, praticada de maneira muito próxima dos preceitos econômicos. A maior e mais antiga organização ambiental do país é a Sierra Club. Com uma história centenária, ela tenta influenciar acima de tudo a política climática do governo. Um exemplo: a campanha contra a planejada construção do oleoduto Keystone XL, que deverá transportar petróleo do Canadá até o Golfo do México. Com suas ações, os ativistas alertam a respeito dos riscos cada vez maiores para o meio ambiente e a economia. Eles querem um Estado forte, democraticamente legitimado. E que se envolva nas questões pertinentes. A democracia norte-americana vive do aval da população. No entanto, a atmosfera entre a sociedade do país mantém-se, como antes, acirrada. O diálogo entre o Tea Party e seus adversários de esquerda parece impossível. No Congresso, a situação é semelhante: ideólogos dão o tom tanto para democratas quanto para republicanos e acordos parecem cada vez mais difíceis. Muitos norte-americanos acreditam que Obama tenha feito muito pouco até agora para construir pontes entre as duas frentes.

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