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Atentado e ameaças agitam Paquistão na véspera de eleições gerais

No total, 127 pessoas morreram em ataques desde o início da campanha eleitoral, em meados de abril, a maioria dos quais reivindicados pelo Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP)

17:05 | 10/05/2013

ISLAMABAD, 10 Mai 2013 (AFP) - Pelo menos dez pessoas morreram no Paquistão em ataques relacionados às eleições gerais previstas para sábado, enquanto o Talibã paquistanês mantém suas ameaças.

No total, 127 pessoas morreram em ataques desde o início da campanha eleitoral, em meados de abril, a maioria dos quais reivindicados pelo Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), que se opõe às eleições legislativas, consideradas "não islâmicas".

Os talibãs aconselharam nesta sexta-feira os paquistaneses "a evitar" os centros de votação nas eleições gerais de sábado, caso desejem permanecer "vivos".

"A democracia é um sistema não islâmico, um sistema de infiéis. Portanto, peço à população que evite os locais de votação se não deseja se arriscar a perder a vida", afirmou o porta-voz dos talibãs paquistaneses, Ehsanullah Ehsan, em uma mensagem recebida pela AFP.

Nesta sexta-feira, um candidato à assembleia provincial de Sind (sul) morreu baleado, junto com dois eleitores na capital financeira do país, Karachi.

Homens armados também atacaram um comboio que transportava cédulas para a votação no bairro de Mastung, ao sul de Quetta, capital da província do Baluchistão.

"Primeiro dispararam morteiros e, em seguida, armas de fogo. Dois agentes de segurança morreram e outros cinco ficaram feridos", indicou à AFP o ministro do Interior da província.

Na região de Swabi (noroeste), a explosão de uma bomba perto de uma sede do Partido Nacional Awami (ANP) matou uma pessoa e feriu outras três, segundo a polícia.

No noroeste, um outro atentado a bomba deixou quatro mortos e 15 feridos em um mercado localizado em uma zona tribal.

O artefato estava escondido em uma moto estacionada no mercado de Miranshah, perto dos escritórios de candidatos locais às eleições legislativas de sábado, na capital do Waziristão do Norte, reduto tribal dos insurgentes do TTP e de outros grupos ligados à Al-Qaeda.

O ataque não teve sua autoria reivindicada, mas demonstra a ameaça constante dos talibãs às eleições gerais, as primeiras que permitirão a um governo civil ser sucedido por outra administração civil, ao fim de um mandato de cinco anos.

A situação é uma novidade no país, criado em 1947, já que o Paquistão está habituado a longos períodos de governo militar.

Segundo um comandante insurgente que pediu para não ser identificado, o líder dos talibãs paquistaneses do TTP, Hakimullah Mehsud, ordenou na quinta-feira a execução de atentados suicidas no dia da votação.

Mais de 600.000 trabalhadores das forças de segurança serão mobilizados para proteger os centros eleitorais.

No sábado, mais de 86 milhões de paquistaneses devem comparecer às urnas para escolher 342 deputados da Assembleia Nacional de 4.670 candidatos, além de seus representantes nas quatro assembleias provinciais entre 11.000 aspirantes.

Os quase 70.000 centros de votação ficarão abertos das 08h00 (00h00 de Brasília) às 17h00 (09h00 de Brasília).

A campanha eleitoral terminou na quinta-feira com os últimos atos dos três grandes partidos. A votação é considerada crucial para a consolidação democrática nesta potência nuclear.

Os analistas acreditam na vitória da Liga Muçulmana (PML-N, centro-direita) de Nawaz Sharif, um magnata do aço que já foi primeiro-ministro duas vezes. Mas o Movimento pela Justiça (PTI), do astro do críquete Imran Khan, sensação da campanha, aposta em um resultado diferente.

O Partido do Povo Paquistanês (PPP), que coupa o poder, passou por um autêntico calvário durante a campanha, em consequência das ameaças dos talibãs e de suas políticas econômica e de segurança muito criticadas.

O índice de participação, que foi de 44% nas eleições de 2008, será crucial no sábado.

A comissão eleitoral paquistanesa apresentará os primeiros resultados no sábado à noite. O vencedor será aquele que conseguir formar uma coalizão majoritária nas próximas semanas.

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