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Anúncio de mastectomia de Angelina Jolie desperta elogios e cautela

21:02 | 14/05/2013
WASHINGTON, 14 Mai 2013 (AFP) - Os ativistas da luta contra o câncer saudaram a decisão da atriz Angelina Jolie de tornar pública sua dupla mastectomia, esta terça-feira, mas advertiram que as mulheres não devem correr para fazer testes em busca de uma mutação genética que represente um risco para suas vidas.

"Não queremos que todo mundo diga 'quero fazer o teste'", afirmou o médico chefe da Sociedade Americana de Câncer, Otis Brawley, em entrevista por telefone à AFP. "Queremos que as pessoas pensem em seu histórico familiar e falem com seu médico", que poderá encaminhá-las a um conselheiro genético para determinar a necessidade do teste, disse Brawley.

"As mulheres com familiares de primeiro grau - ou seja, uma irmã ou a mãe - que tenha sofrido câncer de mama ou de ovário em idade precoce deveriam especialmente ter esta conversa", afirmou. No caso de Jolie, a mãe da atriz de 37 anos, ganhadora do Oscar e ativista da ONU, morreu de câncer de ovário aos 56 anos.

Em um artigo intitulado "Minha opção médica", publicado no jornal The New York Times, Jolie contou ter se submetido a testes genéticos que confirmaram que ela era portadora de uma mutação genética conhecida como BRCA1.
A BRCA1 costuma ser rara na população feminina, mas também é caro fazer exames para rastrear este tipo de gene.

No artigo, Jolie lamentou que o teste para detectar o BRCA1 assim como outro gene defeituoso que pode levar ao câncer, BRCA2, custe mais de 3.000 dólares nos Estados Unidos, "um obstáculo para muitas mulheres".
Um laboratório americano, o Myriad Genetics, é o único no país a oferecer este teste e trava uma polêmica batalha jurídica atualmente na Suprema Corte sobre os direitos de patente dos genes BRCA1 e BRCA2. Um parecer é aguardado para junho.

Embora o laboratório tenha se recusado a confirmar ou desmentir se foi o laboratório encarregado do teste feito em Jolie, as ações da Myriad Genetics subiram 4% esta terça-feira na bolsa eletrônica Nasdaq para 34,45 dólares, seu melhor nível desde meados de 2009, antes de recuar um pouco. "Acreditamos firmemente que o uso apropriado de muitos dos nossos testes de diagnósticos poderia ajudar a reduzir as doenças, hospitalizações e intervenções caras e potencialmente baixar o custo do tratamento", informou a empresa, em um comunicado.

Outros laboratórios na Europa oferecem o mesmo teste, segundo a American Civil Liberties Union, que enfrenta a ação de patentes da Myriad Genetics na justiça. Segundo o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, estima-se que 12% de todas as mulheres no país vão desenvolver câncer em algum momento da vida, embora a probabilidade seja 5 vezes maior para as poucas que têm a mutação BRCA1 e BRCA2, segundo informações divulgadas em seu site (www.cancer.gov).

As duas mutações podem ocorrer também em homens, aumentando o risco de desenvolverem câncer de mama, pâncreas, testículos e próstata.

AFP

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