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Brasileiro disputa com mexicano cargo de diretor geral da OMC

16:24 | 26/04/2013
Roberto Azevêdo disputa cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio com Hermínio Blanco. Brasileiro tem mais experiência internacional, mas protecionismo do Brasil pode ter papel ambiguo na disputa. A Organização Mundial do Comércio (OMC) divulgou nesta sexta-feira (26/04) em Genebra, Suíça, que o brasileiro Roberto Azevêdo vai disputar a chefia da organização com o candidato do México, Hermínio Blanco. Os dois postulantes vão para a terceira e última fase da eleição. Azevêdo e Blanco superaram a penúltima fase de seleção, deixando de fora os candidatos da Nova Zelândia, Coreia do Sul e Indonésia. Será a primeira vez que a OMC terá um diretor geral latino americano. A rodada final de consultas entre os 159 países-membros da organização deverá ser iniciada em 1º de maio e o resultado divulgado seis dias depois. "O fato de chegarmos à última rodada do processo de seleção é um sinal da representatividade da candidatura", disse Azevêdo, em nota distribuída pelo Itamaraty. "Recebemos o apoio de países de todas as regiões geográficas e de diferentes níveis de desenvolvimento." Em entrevista exclusiva à Deutsche Welle, no início de fevereiro, Azevêdo disse que pretende fortalecer o sistema multilateral de comércio e destravar as negociações da Rodada de Doha, que tem o objetivo de remover barreiras comerciais entre os países e está parada há 12 anos. Outro ponto importante para o candidato, é o OMC tornar-se novamente um foro viável de negociações "para que as atenções voltem ao sistema multilateral e as negociações voltem a ter um grau de ambição compatível com as necessidades de crescimento do mundo atual". Disputa acirrada O professor de Economia e Comércio Internacional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Antonio Carlos Alves dos Santos, aponta que o histórico do Brasil na disputa por cargos em organismos internacionais não tem sido muito bom. "Esse foi, por enquanto, o melhor resultado alcançado pelo Brasil. Coincidentemente, o México tem sido um concorrente muito forte do Brasil nos organismos internacionais. Acredito que as chances [de Azevêdo] são boas, mas acredito que o favorito é o mexicano", frisou. O escolhido deverá tomar posse em 31 de agosto próximo, para um mandato até 2017, substituindo o francês Pascal Lamy. O cargo de diretor geral da OMC foi disputado por nove candidatos, dos quais cinco passaram à segunda fase. Os outros países que apresentaram candidatos foram Costa Rica, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Indonésia, Gana, Quênia e Jordânia. Criada em 1995, a OMC tem como objetivo avançar nas negociações comerciais globais, num esforço para estimular o crescimento através da abertura de mercados e eliminar as barreiras comerciais, incluindo subsídios, impostos e regulamentações excessivas. O posto de líder da OMC não é eleito formalmente. Ao contrário de organizações internacionais semelhantes, como os vários braços da Organização das Nações Unidas (ONU), cujos chefes são nomeados, a OMC escolhe seu líder por consenso. Candidato brasileiro tem experiência O candidato mexicano, Hermínio Blanco, de 62 anos, é economista e ex-ministro de Comércio e Fomento Industrial do México. Ele foi chefe da negociação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, em inglês) e do Tratado de Livre Comércio entre o México e o União Europeia, além de negociar em nome do México com dez países latino-americanos e com Israel. Um ponto negativo é que o mexicano não tem sido muito ativo na OMC nos últimos anos. Já Azevêdo, de 55 anos, ocupou vários cargos importantes, tanto no governo brasileiro quanto em organizações internacionais como, por exemplo, entre 1997 e 2001, na Delegação do Brasil junto à ONU e outros organismos internacionais em Genebra, além de se atuar, desde setembro de 2008, como Representante Permanente do Brasil junto à OMC, atuando como negociador-chave nas negociações multilaterais de comércio. Pesam contra o brasileiro também as recentes medidas protecionistas de Brasília. Por outro lado, estas poderão estimular o apoio de países da União Europeia, que é protecionista na área agrícola. "Vai depender de quem oferecer as melhores condições para os europeus", disse Alves dos Santos. Ele afirmou, ainda, que o apoio dos Estados Unidos poderá influenciar na escolha do diretor geral para o organismo internacional para ele, a relação dos EUA com o México é melhor do que com o Brasil. "O México é membro da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] e o Brasil recebeu o convite, mas nunca demonstrou interesse em participar. Ou seja, o México tem uma relação mais próxima e mais amigável com países fundamentais na política internacional, do que o Brasil", explicou. Por outro lado, a proximidade do México em relação aos EUA poderá não ser vista com bons olhos, pois em muitos países os mexicanos são considerados, antes, como porta-vozes e aliados dos norte-americanos do que como dignos representantes da América Latina. "Portanto, o jogo ainda promete surpresas", concluiu Alves dos Santos.

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