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Novo partido alemão quer fim da zona do euro

11:38 | 12/03/2013
Grupo de jornalistas e economistas funda o Alternativa para a Alemanha, alegando que moeda única vai destruir a economia europeia. Partido quer entrar no Parlamento, mas participação nas eleições ainda é incerta. "Se o euro fracassar, fracassará também a Europa". Durante um bom tempo, a frase foi durante repetida como um mantra pela chanceler federal alemã, Angela Merkel, pressionada a justificar os bilhões usados no resgate dos parceiros da moeda única. A união monetária, dizia, é o destino comum dos europeus. Cada vez mais alemães, no entanto, veem a situação de forma diferente. Numa pesquisa de julho de 2012 da revista Der Spiegel, 54% dos entrevistados eram contra investir mais para tentar manter o euro. Essa postura crítica à moeda única não se reflete, no entanto, no Parlamento alemão, diz Konrad Adam, ex-repórter do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung. Por esse motivo, ele decidiu fundar, ao lado de outros jornalistas e especialistas em economia, um novo partido: o Alternativa para a Alemanha defende a dissolução da zona do euro e uma discussão aberta sobre as medidas de resgate. "Na questão do resgate do euro, todos os partidos do Parlamento são da mesma opinião, e só se diferenciam uns dos outros sobre quanto dinheiro deverá ser gasto", diz Adam em entrevista à DW. "O euro é tratado como sagrado, e quem defende outro ponto de vista é tachado de populista ou difamado. Isso não está certo." E acrescenta: "Quando vou às eleições, quero ter a escolha, por isso queremos criar uma alternativa". Novos contratos na UE A questão não é mero detalhe político. A Alemanha precisa disponibilizar ainda 21,68 bilhões de euros para o fundo de resgate da zona do euro, que visa evitar a quebra de países com problemas financeiros. Eles receberiam, em caso de emergência, crédito em condições mais favoráveis, como já aconteceu com a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Chipre. Um dos fundadores do partido, Bernd Lucke, professor de Economia da Universidade de Hamburgo, contesta a tese de Merkel de que a Europa estará mais forte quando a crise for superada. Para ele, o fim da zona do euro é a melhor coisa que pode acontecer. "Nosso receio é que a Europa não ganhará mais com o euro, mas sim será destruída por ele de forma insidiosa", diz Lucke. O professor deixa claro, no entanto, que o objetivo é se desligar do euro, e não da União Europeia. O foco do Alternativa para a Alemanha é abolir a zona do euro. Segundo Konrad Adam, a solução seria o retorno das antigas moedas nacionais, como o franco e o marco, ou o estabelecimento de blocos monetários menores por exemplo, a divisão entre "euro-norte" e "euro-sul". Os fundadores do partido não querem ainda se comprometer com uma proposta específica. Eles lutam, por enquanto, por uma mudança nos contratos da UE, que possibilitem à Alemanha ou outros países terem margem legal para deixar o euro. Além disso, defendem mais poder de decisão para os cidadãos dos Estados-membros. Em abril será decidido se o Alternativa para a Alemanha está dentro dos critérios para participar das eleições legislativas de setembro. Seja como for, o partido quer participar das eleições para o Parlamento Europeu em 2014, o mais tardar. Especialista duvida de sucesso Para o economista Rudolf Hickel, o sucesso do novo partido nas eleições é improvável. "Normalmente eu daria para um partido como esse as chances de obter 5%", porém o maior obstáculo são as pessoas por trás do Alternativa para a Alemanha. "São professores e economistas frustrados. Se esse partido tivesse uma mentalidade populista, então eu o consideraria perigoso." Hickel aplaude a iniciativa de pedir um debate mais aberto sobre as medidas para salvar o euro, mas considera que o fim da moeda únic seria altamente perigosoa. "Se, por exemplo, a Grécia sair do euro, se tornaria um país pobre a longo prazo, o qual, porém, continuaria na União Europeia. E eu digo com antecedência que, se isso acontecer, a UE teria que ajudar ou então a pressão seria tão grande, que a Grécia sairia do bloco, o que custaria ainda mais para os Estados-membros", afirma o especialista. "Isso pesará enormemente sobre o projeto europeu." Os fundadores do novo partido discordam. Para eles, é o euro que ameaça uma Europa pacífica, e cabe a Angela Merkel perceber isso e dar um basta, sem se apegar às perdas para a moeda única. Autor: Carla Bleiker (rpr) Revisão: Augusto Valente

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