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Eurogrupo analisa situação da zona do euro após incerteza na Itália

17:49 | 04/03/2013

BRUXELAS, 04 Mar 2013 (AFP) - O Eurogrupo se reúne nesta segunda-feira, 4, para avaliar a situação da Eurozona e o programa de resgate bancário da Espanha, em meio à incerteza envolvendo o futuro político da Itália, que levanta novas questões sobre a austeridade estimulada por Bruxelas.

Os ministros das Finanças da Eurozona analisarão as "últimas previsões da Comissão Europeia" (CE) divulgadas no fim de fevereiro, indicou uma fonte europeia, segundo a qual a Eurozona enfrenta um duro ano de recessão, com um desemprego que atingirá 20 milhões de pessoas.

"É preciso evitar somar austeridade à recessão, já que isto minará o crescimento e provocará uma perda de confiança na Europa", considerou o ministro francês, Pierre Moscovici.

A Espanha defenderá que cumpriu os objetivos fiscais em 2012, ao ter conseguido reduzir seu déficit a 6,7% do PIB. Por sua vez, espera agora que a CE lhe conceda mais tempo para diminuir seu déficit a 3% do PIB.

Madri não está sozinha nesta batalha, já que a França, segunda economia da união monetária, também quer mais flexibilidade para cumprir as metas fiscais previstas no programa de correção do déficit.

A CE já esclareceu que não tomará nenhuma decisão antes de maio, quando tiver os dados macroeconômicos do escritório de estatísticas europeu.

Para cumprir com as exigências de Bruxelas, o governo espanhol de Mariano Rajoy (conservador) realizou um austero plano de austeridade, agravando a recessão e o desemprego que, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, já atinge cinco milhões de pessoas entre a população economicamente ativa.

O Eurogrupo prevê analisar o relatório da troika (a CE, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) sobre se o país cumpre com as condições exigidas em troca do resgate de 40 bilhões de euros ao setor bancário.

"Fomos capazes de cumprir com tudo e a tempo. A Espanha fez o que precisava fazer", comemorou uma fonte do governo espanhol.

Durante a reunião, os ministros também analisarão os casos nos quais a recapitalização direta aos bancos por parte do fundo de resgate, chamado de Mecanismo Europeu de Estabilidade (Mede), possa ser retroativa, o que evitará que engrosse a dívida pública do país.

Contudo, os países mais solventes, classificados com triplo A, como Alemanha, Holanda e Finlândia rejeitam esta opção, argumentando que os governos devem se responsabilizar pela injeção de capital aos bancos.

Os países mais atingidos pela crise da dívida esperam algumas compensações em troca dos cortes nos gastos exigidos para sanear suas contas públicas.

A austeridade é cada vez mais questionada após as eleições legislativas na Itália, em que o comediante Beppe Grillo, o candidato considerado antissistema e eurocético, se transformou na terceira força política do país e provavelmente na chave de um futuro governo.

A perspectiva de um longo período de instabilidade nesse país, após os resultados pouco claros das eleições da semana passada, "ocupará boa parte da reunião", afirmou uma fonte europeia.

Bruxelas está preocupada principalmente porque a Itália cumpre agora o programa de reformas e ajustes com o qual se comprometeu para reduzir sua gigantesca dívida de 127% do PIB em 2012 (120,8% em 2011).

Os pedidos de flexibilidade virão de várias frentes. Os ministros examinarão a possibilidade de reestruturar a devolução dos resgates à Irlanda e Portugal.

Os ministros também buscarão avançar no programa de resgate para o Chipre, que pediu uma ajuda de 17 bilhões de euros (o equivalente a seu PIB anual), apesar de que para isso terá que esperar a segunda quinzena de março, segundo uma fonte europeia.

O governo cipriota do conservador Nicos Anastasiadis já indicou que busca obter um rápido plano de resgate que evite a quebra da ilha mediterrânea, em grave crise econômica. Para consegui-lo deverá obter o aval de uma auditoria independente que demonstre que o país cumpre com as normas contra lavagem de capitais.

Os ministros da Economia avaliarão também o avanço do programa de reformas na Grécia e pedirão que o país acelere o programa de reestruturação da administração.

No momento, parece que a cruzada da Alemanha a favor da austeridade não parará. Especialmente porque a chanceler Angela Merkel disputará as eleições legislativas de setembro.

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