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Christoph Sch'nborn, um 'papabile' fiel a Bento XVI

11:15 | 11/03/2013

O cardeal arcebispo de Viena, Christoph Sch'nborn, um brilhante teólogo nascido em uma família de aristocratas, forma parte dos papabili que devem muito ao seu mentor, Bento XVI, com quem compartilha os mesmos valores conservadores.

Este homem de 68 anos, poliglota, costuma se autodefinir como um "conservador em temas religiosos, mas liberal no campo social".

Permaneceu inflexível diante do movimento de sacerdotes que há dois anos agita a Igreja católica austríaca e que pede a abolição do celibato ou a ordenação de mulheres, embora sempre tenha dito estar aberto ao diálogo.

Ganhou fama de moderado em 2010, quando disse ser partidário de um debate sobre o celibato num momento em que estavam em destaque as denúncias de agressões sexuais contra crianças por parte de religiosos.

"Não questionei o celibato dos sacerdotes, mas propus que vivam a fundo sua concepção de vida baseada no celibato", explicou posteriormente. E rejeitou vincular os votos de castidade aos instintos de agressão sexual. "A maioria dos autores de abusos sexuais são, obviamente, homens casados", alegou.

Em abril de 2012, afirmou: "Discute-se sobre o celibato há 2.000 anos, mas, para a Igreja, continua sendo importante, já que é considerado uma proteção e uma força particular".

Para o arcebispo de Viena, a ordenação de mulheres é inconcebível, assim como o uso de anticoncepcionais e o recurso ao aborto.

Christoph Maria Michael Hugo Damian Adalbert, conde de Sch'nborn, é um homem muito próximo ao alemão Joseph Ratzinger (Bento XVI), com quem estudou teologia por seis anos em Ratisbona, no sul da Alemanha.

No início dos anos 1990, Ratzinger, que na época dirigia a Congregação para a Doutrina da Fé, confiou a ele a supervisão da redação do novo catecismo, o que mostra a proximidade entre ambos.

Apesar de seu profundo acatamento do dogma de Roma, se distanciou de algumas posições da Cúria e não vacilou em criticar altos hierarcas, como o cardeal italiano Angelo Sodano (secretário de Estado sob o papado de João Paulo II) pelas tentativas de acobertamento de crimes cometidos por padres pedófilos.

E, no ano passado, Sch'nborn surpreendeu ao confirmar a nomeação em um conselho paroquial (que reúne representantes do clero e católicos laicos) de um paroquiano homossexual, que havia obtido mais de 80% dos votos, mas que contava com a desaprovação do padre local.

Recentemente, intercedeu para que um monastério alojasse imigrantes ilegais paquistaneses que se refugiaram em uma igreja de Viena, até que as autoridades austríacas se pronunciassem sobre sua situação.

Também é conhecido por seus dotes diplomáticos. Em 1998, desempenhou um papel chave na resolução da crise que a Igreja sofreu quando seu antecessor, o cardeal Hans Hermann Groer, acusado de pedofilia, se viu obrigado a se afastar.

Nascido em 1945 em uma família próxima à antiga monarquia austro-húngara em Skalsko (atual República Tcheca), entrou na ordem Dominicana em 1963, antes de ser ordenado sacerdote em 1970. Estudou teologia em Viena e em Paris e posteriormente foi discípulo de Ratzinger.

Atualmente, costuma celebrar a missa dominical em grande pompa na catedral de São Estevão de Viena.

AFP

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