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Amigo de juventude crê em qualidades de Odilo Scherer para o papado

06:29 | 13/03/2013
O cardeal gaúcho é um dos candidatos mais cotados ao pontificado. Ele realizou grande parte de seus estudos em Curitiba. A DW Brasil conversou sobre essa época com o padre André Biernaski, colega de Scherer no seminário. O arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, é um dos mais fortes candidatos no conclave para a escolha do novo Papa, iniciado nesta terça-feira (12/03) no Vaticano. Filho de agricultores, Scherer nasceu em Cerro Largo, no Rio Grande do Sul, e ainda criança foi morar em Toledo, no interior do Paraná, onde iniciou seus estudos no Seminário São José. Alguns anos mais tarde, foi transferido para estudar em seminários de Curitiba. Segundo o reitor do Seminário Maior Rainha dos Apóstolos, padre André Biernaski, Scherer era muito estudioso, um excelente violonista, jogava futebol e possuía uma grande capacidade de liderança. Os dois foram colegas de seminário na capital paranaense durante nove anos. Biernaski reza para que o Espírito Santo oriente a escolha do melhor candidato, mas não nega a torcida pelo amigo. Ele acredita que Scherer possuiu qualidades para ser um bom Papa. "Ele tem uma segurança muito grande, é um homem sério, mas de grande discernimento. Ele tem uma santa paciência para ouvir os problemas, mas também é muito sábio para tomar decisões. Odilo é uma pessoa que dificilmente se exalta e isso é importante", diz Biernaski em entrevista à DW Brasil. Os primeiros anos Os dois se conheceram no Seminário Menor São José, em Curitiba, onde cursaram os últimos anos do Ensino Fundamental e Médio. Entre 1972 e 1976, dom Odilo Scherer estudou Filosofia e Teologia no Seminário Maior Rainha dos Apóstolos. Biernaski passou a viver nesse seminário em 1973. "Nossa diferença de idade é pouca, mas eu lembro que o admirava muito, porque parecia que ele era muito adulto para sua idade", conta o padre. A rotina na época do seminário era intensa. Os seminaristas levantavam antes das 6h frequentavam as aulas. Depois do almoço, faziam os trabalhos domésticos. Durante a tarde estudavam mais duas horas, faziam uma pausa para o café, e continuavam estudando mais uma hora. Depois oravam e cantavam. Após o jantar, assistiam a palestras de formação. Apesar de terem o dia lotado, os seminaristas sempre achavam um tempinho para jogar futebol à tarde. Biernaski revelou que tanto ele quanto Scherer gostavam desse esporte. "Odilo não era um grande jogador, mas eu era pior ainda, por isso não posso falar dele", comenta. Scherer sempre foi muito dedicado aos estudos e também aos colegas. Para ele, era importante não somente conhecer a teologia e a filosofia, mas também os problemas do mundo em geral. Scherer costumava ler muito, gostava de música clássica e tocava violão muito bem, além de cuidar da horta da instituição. Papa brasileiro? "O Odilo ajudava os colegas a perceber que esse tempo era importante, que era preciso se dedicar, conhecer jornal, a catequese, além dos problemas brasileiros, e também estudar música", relata Biernaski. Desde os primeiros anos, ele percebeu que Scherer possuía o talento da liderança. "Ele era muito sereno nas suas decisões, ajudava, ouvia e era colega, além de estar à frente do seu tempo." Ele conta que Scherer costumava visitar as famílias que moravam na região do seminário e, junto com amigos, organizava palestras e cursos bíblicos para orientá-las. "Era uma época em que o povo ainda não tinha muito acesso à Bíblia, e eles estavam preocupados com isso. Mas o que eu admirava mais era a sua capacidade pedagógica. Odilo era uma pessoa bem simples, mas, ao mesmo tempo, de uma capacidade intelectual muito grande." O padre acredita que a eleição de um Papa latino-americano daria um novo impulso à Igreja Católica na região, além aumentar sua força no sentido social e político. "Acho que acenderia de novo uma chama de esperança, de fé e de compromisso para uma caminhada melhor", resume. Segundo Biernaski, Scherer teria a formação necessária para esse cargo, além de ser um bom organizador. "Ele tem uma boa relação humana, é um homem simplíssimo. Um bom Papa tem que ser de lá de cima, muito perto do nosso Patrão Divino, mas também estar muito perto do servo, dos homens, e me parece que Odilo responderia àquilo que o povo espera."

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