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Presidente francês afirma que trabalho não terminou no Mali

13:49 | 02/02/2013

O presidente francês, François Hollande, disse que o trabalho ainda não terminou após ser recebido neste sábado com festa em Timbuktu, cidade histórica do norte do Mali que os exércitos francês e malinense retomaram após vários meses em poder de grupos islamitas armados.

Hollande, acompanhado do presidente interino malinense Dioncounda Traoré, visitou uma mesquita e o centro da cidade, onde são conservados preciosos manuscritos antigos, muitos deles queimados pelos islamitas.

"Desde 11 de janeiro, nós já fizemos muito trabalho, ele não terminou totalmente. Ainda vai levar algumas semanas, mas nosso objetivo é passar o bastão", declarou o presidente francês.

"Não temos a intenção de ficar: nossos amigos africanos vão poder fazer o trabalho que era nosso até então", acrescentou.

"Nenhuma parte do Mali pode escapar ao controle da autoridade legítima", ressaltou o presidente francês.

"O combate não terminou (...), as autoridades malinenses querem recuperar a integridade territorial que, em algum momento, foi perdida, e estaremos ao seu lado para, mais ao norte, concluirmos esta operação. Mas não temos a intenção de ficar, pois nossos amigos africanos vão poder fazer o trabalho que foi nosso até o momento", disse François Hollande.

Entre 2.000 e 3.000 pessoas se reuniram para "dizer obrigado" à França na principal praça da cidade ao som de tambores, instrumento proibido pelos islamitas, como qualquer tipo de música, durante a sua ocupação.

Timbuktu, 900 km a nordeste da capital Bamaco, seguia neste sábado sob rígida vigilância, com militares franceses a cada 100 metros e tanques e caminhonetes cheios de soldados malinenses patrulhando as ruas.

O presidente francês estava acompanhado dos ministros Laurent Fabius (Relações Exteriores), Jean-Yves Le Drian (Defesa) e Pascal Canfin (Desenvolvimento).

A Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (Aqmi) e a Ansar Dine (Defensores do Islã) ocuparam Timbuktu durante dez meses e instauraram um regime repressivo baseado em uma interpretação rigorosa da sharia (lei islâmica), infligindo castigos como amputações ou apedrejamentos para casais "ilegítimos" ou para fumantes.

Além de terem obrigado as mulheres a usar o véu integral, de terem proibido as escolas mistas, o futebol, os bailes e a música, os radicais islâmicos destruíram mausoléus de santos muçulmanos, adorados pela população local, por considerarem essa veneração uma "idolatria".

Os islamitas também destruíram alguns antigos manuscritos que eram mantidos em Timbuktu, que já foi um grande centro cultural do Islã e uma cidade próspera no caminho das caravanas que seguiam em direção ao deserto do Saara.

Depois de Timbuktu, Hollande e Traoré seguirão para Bamaco para um almoço de trabalho e um discurso público.

Nesse discurso, François Hollande pedirá aos países africanos que substituam as forças francesas presentes há três semanas no Mali e defenderá pela reconciliação nacional e o diálogo.

O presidente francês também pode anunciar o início da retirada do contingente militar francês no Mali, que conta hoje com cerca de 3.500 soldados.

A intervenção francesa começou em 11 de janeiro, quando os islamitas que ocupavam o norte do Mali desde março de 2012 começaram a avançar para o sul. As forças malinenses e francesas retomaram no fim de semana passado, sem resistência, várias localidades do norte que estavam em poder dos islamitas, entre elas Gao e Timbuktu.

AFP

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