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Papa sai, mas deixa nomeado o novo presidente do Banco Vaticano

14:01 | 15/02/2013
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O Papa Bento XVI, que renunciará no próximo 28 de fevereiro, aprovou nesta sexta-feira, 15, a designação do alemão Ernst von Freyber como novo presidente do Banco Vaticano, o controverso Instituto de Obras de Religião (IOR). Esta é a última nomeação para um cargo-chave a menos de duas semanas do fim de seu pontificado.

O novo presidente do Banco Vaticano é um advogado nascido em 1958; faz parte do conselho consultivo da agências de emprego temporário no Manpower GmbH e da gestão de ativos da empresa Flossbach von Storch AG. Assim como o antigo presidente, o italiano Ettore Gotti Tedeschi - demitido em maio de 2012, em circunstâncias ainda não esclarecidas -, Freyberg é um católico devoto, membro da Ordem de Malta.

"O Papa manifestou seu pleno consentimento à designação de Von Freyber", precisou nesta sexta-feira seu porta-voz, o jesuíta Federico Lombardi.

A comissão de cardeais, que supervisiona as atividades do IOR, entrevistou mais de 40 executivos com a ajuda de uma agência internacional independente.

Segundo a imprensa italiana, a nomeação de Von Freyber, formado em direito nas Universidades de Berlim e Munique, não agrada a toda a hierarquia da Igreja.

"O Papa não o conhece pessoalmente e não interveio nas eleições", assegurou seu porta-voz, tentando resolver a polêmica. "Em todas as instituições existem opiniões diferentes", acrescentou Lombardi, minimizando o que a imprensa tem chamado de "batalha interna" dentro do Vaticano.

Investigação por lavagem de dinheiro

Nos últimos meses o Banco Vaticano foi o centro de tensões na Santa Sé, culminando no chamado 'Vatileaks', que vazou cartas e documentos internos do Papa à imprensa.

 

Em 2010, a justiça italiana abriu uma investigação judicial contra os dirigentes do Banco Vaticano por violar as leis italianas sobre lavagem de dinheiro.

Para alguns observadores, a nomeação chega num momento delicado, em que os católicos foram pegos de surpresa pela decisão histórica de Bento XVI de afastar-se do trono de Pedro.

O IOR tem um patrimônio estimado em 5 bilhões de euros, distribuídos em 34.000 contas correntes. Só podem trabalhar no banco os membros do clero, das ordens religiosas, os diplomatas e os assistentes do pontífice. Entre seus clientes figuram 1.660 bispos, 2.700 congregações, 2.000 diplomatas e 1.610 freiras.

Em julho passado, a comissão européia encarregada de supervisionar o respeito às regras de combate contra a lavagem de dinheiro disse que o IOR "avançou muito em pouco tempo, mas que ainda há muito trabalho a ser feito".

A Igreja católica viverá nas próximas semanas um período de transição antes do conclave que designará um novo Papa, um processo que a Cúria Romana enfrenta com normalidade, apesar da evidente desorientação do Vaticano face à renúncia histórica de Bento XVI.

Nesta sexta-feira, o Papa recebeu no Vaticano o presidente da Romênia, Traian Basescu, e no sábado se despedirá simbolicamente da América Latina ao receber o presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, último governante da região a se encontrar com o pontífice alemão antes de sua renúncia.

Benedito XVI também receberá no sábado o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, e o presidente da república italiana, Giorgio Napolitano.

AFP

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