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Opinião: A extensa agenda de Obama

16:37 | 13/02/2013
No discurso sobre o estado da nação, Obama deixou claro os desafios no caminho dos EUA. Mas dificilmente ele conseguirá realizar todas as tarefas que listou, opina Christina Bergmann, correspondente da DW em Washington. Menos teria sido mais. Em vez de se concentrar em alguns pontos, o presidente dos EUA, Barack Obama, listou, em seu discurso, praticamente todas as áreas da política interna que necessitam de melhoras ou reformas. E elas são muitas um sinal de que o estado da nação não está tão bom como ele anunciara no início do discurso desta terça-feira. Aparentemente ainda há muito a melhorar. Os gastos orçamentários precisam ser reduzidos a um nível financiável; o Medicare sistema de saúde para idosos tem que ser reformado; e os rombos fiscais necessitam ser fechados, disse Obama, listando suas tarefas. Postos de trabalho precisam ser criados, especialmente no setor industrial, a qualificação profissional deve ser fortalecida, e a mudança climática, combatida. A debilitada infraestrutura demanda melhoras, a política migratória deve ser reformada, o sistema eleitoral necessita ser simplificado. E a legislação sobre armas, endurecida. De alguma forma nós já ouvimos tudo isso antes. O presidente fez poucas propostas concretas, como, por exemplo, a intenção de elevar o salário mínimo a 9 dólares por hora. E mostrou-se disposto a criar fatos com ações executivas se o Congresso não agir, por exemplo na redução da poluição ambiental. Mas é justamente aí que mora o problema. Os republicanos continuam dominando a Câmara dos Representantes e mostram-se pouco dispostos a colaborar exceto no caso da reforma migratória. Em sua resposta ao discurso de Obama, o senador pela Flórida Marco Rubio repetiu o mantra republicano: um governo menor é a solução para tudo, e o presidente, o problema. Isso soa como mais quatro anos de impasse político. E a política externa? Mereceu poucas palavras do Nobel da Paz de 2009. A retirada das tropas do Afeganistão vai adiante como o planejado ou seja, 34 mil militares voltarão para casa no ano que vem, ao final do ano a retirada estará concluída. O presidente deixou claro que, futuramente, o envio de tropas vai ser a última opção para uma intervenção americana, o que se aplica também à luta contra a Al Qaeda. O mundo não deve mais esperar que os EUA descasquem todos os abacaxis. Obama, que no próximo mês irá a Israel, reiterou o apoio à segurança do Estado judeu, mas esse discurso já é obrigatório para um presidente americano caso ele queira evitar críticas. Ele fez também reprimendas à Coreia do Norte, citando o mais recente teste nuclear, e ao Irã. Obama também não deixou de lembrar que deseja enquadrar juridicamente seu controverso programa de aviões não tripulados e, em cooperação com a Rússia, reduzir os arsenais nucleares de ambos os países. Só que um assunto secundário como as medidas contra ataques cibernéticos por ele anunciadas ocupou o mesmo espaço no discurso. Os europeus são os únicos que podem se alegrar: com o anúncio de que as conversações sobre um acordo de comércio transatlântico serão oficialmente intensificadas, apesar de, nesse ponto, a agenda doméstica novamente falar mais alto, desta vez na criação de empregos. Obama pareceu mais relaxado e determinado do que em seus últimos discursos o que não é surpresa, dado que ele não está mais disputando uma reeleição. Mas seu tempo está se esgotando. As eleições legislativas serão dentro de dois anos. Se ele conseguir impulsionar uma reforma migratória até lá, isso seria, ao lado do sistema de saúde no primeiro mandato, uma conquista admirável. Mais do que isso é improvável. Sendo assim, sua lista de tarefas pode ser vista como um legado para seu sucessor ou sucessora e uma análise desanimadora do real estado da nação. Autor: Christina Bergmann (rpr) Revisão: Alexandre Schossler

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