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Cidade natal do Papa achou que renúncia era pegadinha de Carnaval

15:53 | 11/02/2013
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"Primeiro eu achei que era uma pegadinha de Carnaval", comentou Caroline Neumayer, jovem habitante da cidade natal de Bento XVI, após a renuncia do Papa que provocou tristeza, mas também compreensão, nesta localidade do sul da Alemanha.

"Fui surpreendido, mas ele sabe o que faz", declarou Maximilian Liedl, 59 anos, outro morador de Marktl-am-Inn, uma agradável cidadezinha de 2.700 habitantes, localizada nos confins da Baviera, não longe da fronteira com a Áustria.

"É melhor ele ter renunciado logo do que acabar falando bobagem", acrescentou. "Acho isso triste. Temos o mesmo umbigo, o Papa e eu: nós tivemos a mesma parteira no nascimento", revelou à AFP.

> Bento XVI anuncia que renunciará em 28 de fevereiro

Com suas persianas cuidadosamente envernizadas, várias pequenas janelas alinhadas em dois andares e seu telhado inclinado, o prédio número 11 da Praça do Mercado parece uma casa de bonecas.

Foi nesta casa opulenta, mais especificamente no segundo andar, que nasceu há 85 anos Joseph Ratzinger, filho de Maria e Joseph, futuro Bento XVI.

O Papa passou apenas os primeiros dois anos de sua vida nesta casa, ainda sim, os moradores pareciam chocados com a decisão de Bento XVI de renunciar em 28 de fevereiro.

"A renúncia, como tal, é terrível, mas é justificada pelo seu estado de saúde", considerou Karin Frauendorfer, de 60 anos.

"Isso me deixa triste, porque ele não foi Papa por tanto tempo", observou Caroline Neumayer, de 18 anos, que se lembra da visita da "criança da aldeia" em 2006, um ano após a sua eleição para o Vaticano. "Ele desceu do seu papamóvel (...) e se dirigiu para as minhas amigas e eu. Ele nos deu a mão, foi muito bonito, um momento especial".

O anúncio também surpreendeu o prefeito Hubert Gschwendtner, que visitou o Papa em Roma em junho. "Ele me deu uma sensação de vitalidade", disse o político que, enquanto social-democrata que ele é, possui em seu escritório dois assentos da companhia aérea Lufthansa, nos quais Bento XVI sentou durante sua viagem à Alemanha.

"Eu não acredito que ele voltará para viver aqui, mas seria bom se viesse", insistiu este senhor de 64 anos, que viu a mudança da cidade desde a eleição de Joseph Ratzinger como Papa, em abril de 2005.

Anteriormente, apenas 2.000 turistas por ano visitavam a Marktl, vilarejo onde o padeiro vende pretzels na manteiga todos os dias a partir das 5h30.

Durante os dois primeiros anos do pontificado de Bento XVI, 200.000 turistas visitaram o local e, desde então, cerca de 100.000 curiosos ainda vêm a cada ano.

Marktl-am-Inn teve que construir estacionamentos e a casa do Papa, ainda propriedade privada em 2005, foi adquirida pela comunidade católica e aberta ao público. Aproximadamente 25.000 pessoas visitam a cada ano.

De um dia para o outro, um dos padeiros começou a produzir "biscoitos do Papa Bento XVI", enquanto a concorrência passou a vender o "pão do Vaticano".

Nas empresas locais começaram a florescer "cervejas do Papa", o "mel do Papa", o "salame do Papa", "o café cardeal". A Praça do Mercado foi rebatizada para Piazza Benedetto.

Mas o vilarejo foi rapidamente acusado de vender a alma ao diabo. A conservadora Bavária não aprovou alguns produtos, que acabaram sendo removidos.

Apesar da renúncia do Papa, Hubert Gschwendtner não acha que o fluxo de turistas vai diminuir. "Eu sei que em Wadowice, a cidade natal de João Paulo II, o número de visitantes aumentou depois de sua morte", disse.

AFP

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