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Banda cult alemã Tocotronic festeja 20 anos com novo CD

13:09 | 21/02/2013
Em seu 10° álbum, banda mostra pop maduro, com os mesmos trejeitos que a tornaram uma queridinha dos críticos. Após galgar as paradas de sucesso, entretanto, grupo perdeu a preferência da imprensa especializada. Quando se chega aos 40 anos de idade, é natural sentir-se um tanto amadurecido. No entanto, alguns críticos acusam os quarentões da banda Tocotronic de, em seu novo álbum, não mais apresentarem a ousadia dos tempos passados. Era a época em que o quarteto fazia declarações políticas mais explícitas, com palavras de ordem do gênero "Quero ser parte de um movimento juvenil". Mas Dirk von Lowtzow, letrista e compositor da banda, acredita ser hoje mais político, mais contundente e mais preciso do que quando tinha seus 20 anos. "Por isso, eu diria que 'pacatez da velhice' é algo que não percebo em mim." Desde o início de sua carreira, a marca registrada do Tocotronic tem sido se reinventar constantemente. Claro que isso também se aplica ao novo álbum Wie wir leben wollen ("Como queremos viver"). Depois do pounk á moda do folclore vienense, elegias intermináveis e rock puro e simploes, o novo CD foi realizado segundo regras autoimpostas, As gravações deviam ser produzidas inteiramente à maneira dos primeiros álbuns conceituais pop, em formato analógico e fitas magnéticas de apenas quatro pistas ao invés de 48 ou mais canais digitais, como é comum hoje em dia. "Nós queríamos muito fazer um determinado tipo de pop psicodélico, tresloucado, lúdico", explica Lowtzow. Por isso gravaram o álbum, "em princípio, da mesma forma que os Beatles, os Beach Boys ou os Zombies". Novo a partir do velho Mas, embora o Tocotronic prometa algo de novo, o CD atual soa, antes, parecido com o que já se conhece do grupo. Predominantemente melancólico do ponto de vista musical, com textos em prosa de difícil digestão. Surpreendentes, talvez, os toques de country e os arranjos de metais por vezes incomuns. Contudo a banda permanece com as características típicas da assim chamada "Escola de Hamburgo", de que são cofundadores: música alternativa de guitarra, acompanhada por letras intelectuais. Talvez as limitações autoimpostas tenham dificultado um avanço estilístico. Por outro lado, a banda estava fascinada com o desafio. Pois o trabalho em quatro canais analógicos exige dos músicos que "pensem muito bem o que vão fazer, e como. Você precisa bolar previamente uma arquitetura sonora, pois depois não é possível mudar muita coisa", explica Lowtzow, entusiasmado. Wie wir leben wollentambém não oferece a chave para decifrar o mistério do sucesso recente do quarteto. Por muito tempo, o Tocotronic era exclusivamente o queridinho da crítica, sem repercussão maior entre o público. Com o álbum anterior, Schall & Wahn, entretanto, a banda chegou também às massas, alcançando o primeiro lugar das paradas alemãs. Em compensação, os críticos benevolentes de antes fazem cara feia, dizem não entender justamente as tão aclamadas letras de Lowtzow. Aparentemente, mais um caso para provar que "arte não pode ser comercialmente bem sucedida". Incompreendidos? Dirk von Lowtzow não compreende essa ambivalência dos jornalistas de cultura em relação ao estilo poético do Tocotronic. Ele destaca a nova qualidade de suas letras no novo CD, com textos não só escritos com muito amor mas, sobretudo, com muito humor. "Se não tem isso na música, então ela logo se torna kitsch; por exemplo, se é só melancólica ou triste ou desesperada." Os críticos também acusaram a banda de pretensão infame, por entender que as 99 teses sobre o tema "Como queremos viver" que o quarteto publicou, como parte da promoção do novo trabalho, seriam uma referência deliberada às 95 teses de Martinho Lutero. Mas então eles realmente não entenderam o humor de Lowtzow. O mais tardar ao se deparar com as opções "Como vírus incubados", "Doidões" ou "Como figuras de desenho animado", fica claro que as teses do Tocotronic não são para se levar a sério. O compositor responde às acusações dizendo que humor é sempre uma coisa difícil na Alemanha, "sobretudo quando não é imposto á força". Autor: Andreas Zimmer (md) Revisão: Augusto Valente

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