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Protestos nos EUA marcam 40º aniversário do direito ao aborto

10:21 | Jan. 23, 2013
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Seguidores e opositores do aborto se reuniram na terça-feira diante da Suprema Corte americana no 40º aniversário da sentença de Roe contra Wade que legalizou o direito a abortar em todos os Estados Unidos, uma questão ainda polêmica no país.

Dezenas de pessoas, em números iguais para os grupos "pró-vida" (contra o aborto) e "pró-escolha" (pelo direito ao aborto) organizaram na terça-feira em todo o país reuniões, jantares, sessões de oração, funerais ou manifestações em Washington perante a Corte, nas quais mostraram carregaram cartazes e gritaram slogans junto a outras pessoas atestando a importância do tema entre os americanos.

No dia 22 de janeiro de 1973, em uma decisão conhecida como "Roe versus Wade", a Suprema Corte dos Estados Unidos decidia que o aborto era um direito fundamental garantido pela Constituição, amparando-se no direito ao respeito à vida privada.

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"Neste dia de aniversário de 'Roe versus Wade', reafirmamos nosso compromisso histórico para proteger a saúde e a liberdade de escolha das mulheres de todo o país", manifestou o presidente Barack Obama em um comunicado, um dia após a cerimônia pública de posse de seu segundo mandato.

Segundo uma pesquisa da Gallup publicada na terça-feira, 53% dos americanos querem conservar o direito ao aborto, contra 29%, que desejam anulá-lo. Cerca de 18% não demonstraram nenhuma opinião.

NARAL, a grande organização "pró-escolha" americana, organizou o "Dia de blog", onde as mulheres contam suas histórias pessoais de "40 anos de direito de escolha", enquanto a organização feminista Now coordenava um dia de protesto diante da Suprema Corte.

Horas antes, dezenas de militantes, opositores e favoráveis ao aborto, protestaram diante da Suprema Corte, com cartazes que pediam a "Abolição do Aborto" e "Abortar quando queremos".

"Estamos aqui hoje para celebrar os 40 anos de Rose versus Wade. Estamos aqui para voltar a nos comprometermos com a luta, expandir este direito, defender este direito", afirmou a ativista Sunsara Taylor de StopPatriarchy.org. à AFP.

Quarenta anos depois, o acesso ao aborto continua sendo difícil para muitas mulheres, afirma Taylor, que argumenta que as mulheres que decidem acabar com uma gravidez ainda enfrentam a possibilidade de seres estigmatizadas.

Por sua vez, os manifestantes pró-vida espalharam cravos ao longo das escadas da Suprema Corte para representar o que chamaram de 50 milhões de crianças "que foram assassinadas desde 1973".

"Não nos rendemos", disse Mark Harrington, diretor-executivo do grupo anti-aborto Created Equal.

"Vamos continuar lutando até que Roe versus Wade seja revertido, que o aborto se torne ilegal nos Estados Unidos" e a Constituição se modifique para consagrar o direito à vida, afirmou.

A conferência de bispos católicos da USCCB, na vanguarda da luta contra o aborto, organizou, por sua vez, nove dias de "orações e penitências", de 19 a 27 de janeiro, para lembrar o aniversário "desta decisão trágica".

Uma grande manifestação nacional contra o aborto irá ocorrer na sexta-feira por ocasião de uma "Marcha pela Vida", que foi adiada devido às celebrações da posse de Obama.

Para Terry o'Neill, presidente do NOW, o direito ao aborto "está muito seriamente em perigo" no país. "Penso que irão pedir nos próximos cinco anos à Suprema Corte que anule sua decisão", disse à AFP, "devido às muitas leis anticonstitucionais que foram aprovadas" nos diversos estados.

O Instituto Guttmacher de saúde sexual e reprodutiva contou um número recorde de 92 leis relacionadas ao aborto em 2011 e 43 em 2012.

As leis envolviam de medidas limitando abortos em períodos tardios a proibições de que seja reembolsado o dinheiro do seguro pela operação ou o requerimento para a mulher grávida fazer uma ecografia.

Cerca de 1.800 clínicas oferecem serviços abortivos nos Estados Unidos, mas 83% dos estados não contam com instalações deste tipo. Mississippi, um estado do sudeste rural com três milhões de pessoas, tem apenas uma clínica.

E apenas quatro médicos oferecem procedimentos nos últimos meses nos Estados Unidos, já que, ao legalizar o aborto, a Suprema Corte também concedeu aos estados o direito de limitá-lo no último trimestre da gravidez.

Estes procedimentos constituem 1% de todos os abortos nos Estados Unidos, mas são altamente controversos. Em 2009, o médico George Tiller, um proeminente praticante de abortos tardios, foi morto com um tiro disparado por um ativista.

 

AFP

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