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Novato político Yair Lapid concentra as atenções em Israel

08:18 | Jan. 29, 2013
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Esperança da classe média israelense, político moderado é cortejado pelo primeiro-ministro Netanyahu, que tenta atraí-lo para uma coalizão. Yair Lapid foi apresentador de televisão, ator e publicou até livros infantis. O ex-apresentador de televisão Yair Lapid emergiu como o novo homem forte da política de Israel depois que o seu partido, o secular-liberal Yesh Atid (Há um futuro), obteve 19 dos 20 assentos do Knesset, tornando-se assim a segunda maior força no Parlamento e uma sensação política. Lapid já está sendo cortejado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cujo bloco Likud-Israel Beitenu perdeu 11 mandatos, chegando a somente 31. No total, a ala de direita e os partidos religiosos, tradicionais aliados de Netanyahu, obtiveram 61 assentos, afirmou a comissão eleitoral ao divulgar os resultados preliminares na última sexta-feira (25/01). Trata-se de uma maioria apertada, que obriga Netanyahu a buscar outras opções. Grande coalizão Segundo a mídia local, Netanyahu pretende formar uma coalizão de governo a mais ampla possível. Além do Likud e do Israel Beitenu, bem como do Yesh Atid, poderiam participar dessa coalizão o partido de extrema direita Casa Judaica e o centrista Kadima, afirmou o jornal Jerusalem Post. O objetivo de Netanyahu seria governar com uma maioria tão ampla que a possível saída de um partido menor não implicasse a perda dessa maioria, afirmou o jornal. O diário Yedioth Ahronoth anunciou que, em encontro de duas horas com Lapid na última quinta-feira, Netanyahu teria lhe oferecido o cargo de ministro do Exterior ou das Finanças. Os cargos de ministro do Exterior, das Finanças e da Defesa são considerados os de maior prestígio no governo israelense. Observadores comentam que, devido a seu foco social, Lapid hesita em aceitar o Ministério do Exterior ou das Finanças. Ele prefere assumir a chefia da pasta da Construção, Educação ou do Interior, afirmam os observadores. Assim como os pais Lapid é um talento midiático. Muitos israelenses o conhecem da televisão, pois ele apresentava o noticiário de maior audiência da TV, na emissora Channel 2. Além disso, escrevia uma coluna no jornal de grande circulação Yedioth Ahronoth. E o político de 49 anos não apenas tem uma aparência de estrela de cinema, ele também trabalhou como ator, além de escrever peças de teatro e séries de TV e publicar até mesmo livros infantis. O talento de Lapid parece ter vindo do berço. A mãe dele, Shulamit Lapid, é uma escritora famosa em Israel, que já publicou diversos romances e livros infantis. Também no exterior ela ficou conhecida por seus romances policiais. Falecido em 2008, o pai de Yair Lapid, Josef "Tommy" Lapid, era um sobrevivente do Holocausto e foi um jornalista bem-sucedido em Israel. Na década de 1990, ele entrou para a política, tendo chegado aos cargos de ministro da Justiça e de vice-primeiro-ministro. Josef "Tommy" Lapid era conhecido por uma atitude liberal e antirreligiosa pontos de vista que também orientam o credo político do filho. Justiça social em primeiro plano Durante vários anos Lapid cogitou passar do jornalismo para a política, mas só em janeiro de 2012 tomou essa decisão, tornando-se líder do Yesh Atid. Para o diretor da Fundação Heinrich Boll em Tel Aviv, Marc Berthold, o surpreendente sucesso eleitoral de Lapid se deve a seu papel de portador de esperanças. "Ele fez muita campanha de rua e apostou em temas mais tranquilos. No final, ele se beneficiou do fato de que 20% da população ainda estava indecisa pouco antes do dia da eleição." De todos os candidatos, Lapid foi quem ofereceu mais possibilidades de identificação aos eleitores, avalia Berthold, porque pouco se sabe sobre seus objetivos políticos. "Ele pouco interveio numa série de debates sensíveis, como, por exemplo, o conflito palestino-israelense." Em vez disso, Lapid investiu em temas diferentes, assinala Berthold. Ele exigiu o fim da isenção do serviço militar para os mais religiosos e a abolição de privilégios financeiros para os ultraortodoxos. Seu tema central foi justiça social. Enquanto Netanyahu apostava em colocar a ameaça representada pelo Irã em primeiro plano e em apresentar seu bloco Likud-Beitenu como garantia de segurança, Lapid falava sobre o peso da dívida pública e sobre os pontos fracos do sistema de ensino. O estilo de Lapid pode ser caracterizado como pragmático e pouco disposto a assumir riscos, avalia Berthold. Apesar disso, o novato é fiel às suas convicções, também quanto ao debate em torno do conflito com os palestinos. "Ele quer uma solução de dois Estados. Mas isso só poderá acontecer se Jerusalém ficar completamente em mãos israelenses", afirma o diretor da Fundação Heinrich Böll. Com isso, Lapid estabeleceu marcos políticos, ainda que ele nunca tenha se pronunciado concretamente em relação às fronteiras ou a política de assentamentos. Sem descartar Netanyahu O próprio Lapid se vê como voz da classe média israelense. Durante a campanha eleitoral, ele enfatizou a demanda por uma distribuição igualitária de custos. Ao mesmo tempo, mostrou-se disposto a concessões. Já antes das eleições, ele não havia descartado uma coalizão de governo com o conservador Netanyahu. Seria ruim para Israel se o país obtivesse um governo determinado apenas pela direita ou pelos ultraortodoxos, argumentou Lapid. "Nós precisamos de um governo de coalizão, que abranja todas as forças", disse. Autora: Günther Birkenstock/Carlos Albuquerque Revisão: Alexandre Schossler

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