Incêndio em boate mata pelo menos 233 pessoas no Rio Grande do Sul
Tragédia ocorreu numa festa universitária na cidade de Santa Maria. Fogo teria começado no palco, onde acontecia o show de uma banda. Dilma Rousseff antecipa volta do Chile e vai à cidade gaúcha.
Ao menos 233 pessoas morreram durante a madrugada deste domingo (27/01) num incêndio numa boate em Santa Maria, localizada a cerca de 290 km de Porto Alegre no Rio Grande do Sul, segundo informações do Batalhão de Operações Especiais. Antes, a Polícia Militar gaúcha havia divulgado que pelo menos 245 pessoas teriam morrido no incidente, informação corrigida horas depois.
De acordo com o comandante do Batalhão de Operações Especiais (BOE), major Cleberson Bastianello, um incêndio dentro da boate Kiss causou a morte de ao menos 233 pessoas e há mais 115 feridos. "Todos os corpos que estavam na boate foram retirados", declarou Bastianello.
Segundo relatos, a boate tem capacidade de receber até 1.500 pessoas, mas dispõe de apenas uma saída de emergência. Não se sabe quantas pessoas estavam no local. Há relatos de testemunhas de que a porta de saída teria sido fechada pelos seguranças para impedir que pessoas deixassem o local sem pagar a conta. Um dos proprietários já teria se apresentado à polícia.
Informações preliminares dão conta de que o fogo teria começado por volta das 2h30, quando o vocalista da banda que se apresentava fez uma espécie de show pirotécnico, usando um sinalizador. As faíscas atingiram a espuma do isolamento acústico no teto do estabelecimento e as chamas se espalharam.
O prefeito Cezar Schirmer decretou luto oficial de 30 dias na cidade gaúcha. A medida prevê a contratação imediata, por parte da prefeitura, de profissionais da área da saúde, incluindo psicólogos e psiquiatras, para dar assistência às famílias que tiveram seus filhos e parentes vitimados.
O governo do Rio Grande do Sul declarou que toda a estrutura da Secretaria Estadual da Segurança Pública foi colocada à disposição para os trabalhos de apoio às vítimas do incêndio. De madrugada, tão logo soube do fato, o secretário Airton Michels determinou que todas as aeronaves das polícias ficassem à disposição para o transporte de feridos.
Uma força-tarefa do Instituto-Geral de Perícias foi montada para acelerar os trabalhos de identificação dos corpos e investigação sobre as causas da tragédia. Da mesma forma, a Brigada Militar e a Polícia Civil trabalham no isolamento e na segurança do local. "Temos que agir rapidamente para amenizar as consequências", declarou Michels.
A presidente Dilma Rousseff antecipou o retorno de sua viagem ao Chile, onde participava da assinatura de acordos bilaterais, para ir até Santa Maria. Dilma foi informada durante o café da manhã e decidiu pelo retorno imediato ao Brasil, contou a ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Helena Chagas, à Rádio Gaúcha.
"Neste momento de tristeza, nós estamos juntos e necessariamente iremos superar este momento", declarou a presidente, com a voz embargada, em entrevista à imprensa em Santiago.
"Aqui é um espaço de guerra", disse o deputado estadual Valdeci Oliveira à Rádio Gaúcha. Ele entrou na boate Kiss e afirmou ter visto dezenas de corpos empilhados.
Autor: Rodrigo Alvares, de Porto Alegre
Revisão: Alexandre Schossler / Mariana Santos
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