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UE quer evitar desperdício de alimentos nos países do bloco

13:36 | 16/12/2012
Jogar fora comida velha ou estragada gera alta de preços em todo o mundo, alertam especialistas. Europeus querem aumentar a conscientização das famílias, empresários e produtores para reduzir ao máximo esse desperdício. Na Europa, o macarrão do dia anterior, que não fica mais tão gostoso quando requentado, ou o iogurte com data de validade vencida, acabam com muita frequência na lata de lixo. E isso não acontece apenas em casa, mas também em escolas, refeitórios e hospitais. Estima-se que 89 milhões de toneladas de alimentos sejam desperdiçados todos os anos na União Europeia. E é nas residências particulares e no varejo que mais se joga alimento fora, porque se compra ou se cozinha mais do que o necessário. Ou porque os alimentos não são armazenados como se deveria. O desperdício de alimentos acontece na UE em todas as instâncias da cadeia de produção: "Já começa na colheita. Quando o pepino está torto ou as cenouras pequenas demais ou de cor diferente, os legumes são simplesmente eliminados", critica Selina Juul, fundadora do movimento Stop Wasting Food (Pare de Desperdiçar Comida). "Também na indústria de empacotamento 20% dos alimentos são desperdiçados". Segundo Juul, uma conduta mais cuidadosa em relação aos alimentos traria não apenas uma economia de dinheiro, mas contribuiria também para a segurança alimentar global. "Não podemos transportar restos de comida para a África, isso é impossível, mas teoricamente é assim: quanto mais alimentos desperdiçamos, mais altos são os preços dos mesmos em todo o mundo", analisa a ativista. UE inicia combate ao fenômeno O fato foi agora também reconhecido pela União Europeia, que pretende reduzir em 50% o desperdício alimentar nos países do bloco até 2025. Para isso, a UE financia o projeto Fusions (sigla para Food Use for Social Innovations by Optimising Waste Strategies, ou Uso de Comida para Inovações Sociais através de Estratégias de Otimização de Resíduos), iniciado em agosto deste ano. O projeto conta com a participação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), bem como de diversas ONGs, empresas europeias e 20 universidades do continente, entre elas a de Hohenheim, na Alemanha. "Sabemos que entre 25% e 30% dos produtos destinados ao consumo humano são desperdiçados em alguma instância da cadeia de fornecimento", diz Toine Timmermans, coordenador do projeto na Universidade de Wageningen, na Holanda. Em países como a França e o Reino Unido, por exemplo, o desperdício é grande e a consciência em relação à sustentabilidade é menor em comparação com a Escandinávia. Há ainda o fato de que há muito mais gente vivendo nas cidades grandes. A proposta do projeto Fusions é sensibilizar o consumidor para o problema, além de oferecer dados confiáveis e comparáveis aos governos e às empresas medidas pouco tomadas até agora. "Também queremos trocar experiências e desenvolver pesquisas sobre a viabilidade de evitar o desperdício, pois já estão sendo realizadas diversas atividades em várias instâncias da cadeia de fornecimento, bem como em muitos setores", explicou Timmermans em entrevista à DW. A cadeia de supermercados escandinava Rema 1000 teve uma boa ideia neste sentido: "Eles agora vendem alimentos que estão prestes a terem suas datas de validade vencidas e que são oferecidos em um setor especial do supermercado, com 70% de desconto", relata Juul. Em casos como esse, há benefícios para os dois lados: os consumidores pagam menos e a cadeia de supermercados tem lucros adicionais com a venda dos produtos. Contribuição de cada um Toine Timmmermans aponta para a obrigação dos governos de melhorar a etiquetagem dos alimentos. Especialmente na época do Natal, quando grande parte dos alimentos acaba sendo jogada fora, cada um poderia contribuir com sua parte, diz ele, planejando melhor as compras ou oferecendo porções menos opulentas nos pratos. "As pessoas deveriam preparar as refeições com maior exatidão, experimentando novas receitas, antes de executá-las para 10 ou 20 pessoas", sugere o especialista. Outra sugestão mencionada por Selina Juul é dar aos convidados os restos da ceia de Natal, para que estes possam ser consumidos posteriormente. Ela própria dá um bom exemplo: todo ano, na época do Natal, ela repassa a organizações filantrópicas de Copenhague os restos recolhidos em estabelecimentos comerciais, que são então distribuídos entre os desabrigados da cidade. Na Alemanha, foi iniciado há pouco tempo um projeto inovador contra o desperdício de alimentos: através do site foodsharing.de, as pessoas podem trocar alimentos, doar e também buscar de graça a comida junto ao doador. Autora: Christina Ruta (sv) Revisão: Mariana Santos

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