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Shinzo Abe se converte em primeiro-ministro do Japão

07:04 | 26/12/2012
AFP
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O conservador japonês Shinzo Abe foi eleito nesta quarta-feira primeiro-ministro, após a vitória de seu Partido Liberal Democrático (PLD) nas eleições legislativas de 10 dias atrás, e assume a liderança de um país em recessão do qual tentará levantar a moral.

Abe, que já ocupou o posto de primeiro-ministro durante um ano (2006-2007), foi eleito por 328 votos de um total de 478 na câmara baixa do Parlamento.

Sucede Yoshihiko Noda, do Partido Democrático do Japão (PDJ, centro-esquerda), colocando fim aos três anos na oposição do PLD, um partido que ocupou previamente o poder durante 50 anos quase sem interrupção.

Mas, seja em matéria econômica ou diplomática, a margem de manobra do sétimo primeiro-ministro do Japão em sete anos corre o risco de ser muito pequena.

Embora Shinzo Abe tenha vencido, seu grupo é consciente da fragilidade desta vitória: a abstenção alcançou cerca de 40%, um recorde desde a última guerra, e os japoneses votaram mais com a intenção de castigar a centro-esquerda em fim de mandato do que por uma adesão real e massiva ao PLD.

Apesar de um resultado que não tem nada de excepcional (aproximadamente 28% dos votos para os assentos com representação proporcional e 43% no caso da uninominal), Shinzo Abe poderá se apoiar na maioria absoluta do PLD na câmara baixa do Parlamento, com, além disso, uma maioria qualificada de dois terços junto ao seu aliado Novo Komeito.

Se quiser avançar, ainda precisará conquistar a maioria no Senado no próximo verão para não sofrer o "calvário legislativo" que o PDJ suportou por quase três anos.

Durante sua campanha, Abe se destacou, sobretudo, por seu perfil de homem de direita e inflexível nacionalista, especialmente em política externa. No entanto, chega ao poder com outra prioridade: a economia.

Atingido por uma dívida pública perto de 240% do PIB, o Japão se encontra em recessão, vítima de uma pessimista conjuntura internacional e de uma moeda nacional muito forte.

Para deter a lenta queda da terceira potência econômica mundial, Abe retomará as receitas clássicas da direita japonesa: obras públicas, impressão de moeda e concessão de empréstimos.

Uma primeira parcela orçamentária de 130 bilhões de dólares está prevista rapidamente para acelerar a reconstrução do nordeste do país, devastado pelo tsunami de março de 2011, e restaurar as envelhecidas infraestruturas públicas.

O novo ministro das Finanças, Taro Aso, tem reputação de esbanjador. Durante o breve período que exerceu como primeiro-ministro em plena crise financeira (2008-2009), lançou ao menos quatro planos de reativação em 10 meses, o que equivalia a 5% do PIB.

Aso também se encarregará da luta contra a deflação e a elevada cotação do iene, considerados pelo novo poder como os dois maiores problemas enfrentados pela economia japonesa.

Shinzo Abe também cercará a "cidadela" do Banco do Japão para forçar a abertura de seus cofres, favorecer a recuperação e colocar fim à deflação na qual o país se encontra afundado há mais de três anos. O fenômeno, definido como uma queda prolongada dos preços, inibe o consumo e o investimento, o que é ruim para a atividade.

Para corrigir a economia, o "falcão" Abe sabe que precisará da ajuda de seus vizinhos e clientes, começando pela China, com quem seus intercâmbios comerciais superaram os 340 bilhões de dólares em 2011.

No entanto, há quatro meses, as relações entre os dois países se tornaram tensas devido a um conflito territorial no mar da China Oriental. Pequim reivindica sua soberania sobre as ilhas Diaoyu, enquanto Tóquio, que as administra sob o nome de Senkaku, não tem a intenção de ceder nem um milímetro. Ainda menos com Shinzo Abe à frente.

No entanto, em nome da "realpolitik", Abe decidiu enviar emissários para Pequim e Coreia do Sul, país com o qual Tóquio também tem conflitos territoriais.

O último paradoxo que Shinzo Abe precisará gerir com habilidade é o da energia nuclear.

Abe toma as rédeas de um país em sua maioria hostil após o acidente de Fukushima, embora esteja disposto a esquecer a opção "zero nuclear" de seus antecessores e reativar alguns dos reatores.

 

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