PUBLICIDADE
Notícias

Pyongyang comemora lançamento de foguete; asiáticos preocupados

09:22 | 12/12/2012
AFP
AFP

A Coreia do Norte afirmou nesta quarta-feira que o país inteiro "foi varrido por uma enorme alegria" após o lançamento de seu foguete, mas nas cidades asiáticas próximas houve irritação pelas últimas ações do vizinho.

Antes do lançamento, o Japão mobilizou mísseis Patriot em Tóquio e em seu arquipélago de ilhas ao sul de Okinawa, que se localiza sob a rota de voo, prometendo derrubar o foguete de Pyongyang se ele ameaçasse o país.

Mas, por fim, nenhuma interceptação foi necessária e os cidadãos estavam perplexos mais por uma provocação do Estado envolvido em segredos, que alardeou um sucesso "inovador" no desenvolvimento de tecnologia de mísseis de longo-alcance.

Etsuko Yoshida, uma aposentada de 75 anos de Tóquio, estava entre os muitos cidadãos pegos de surpresa pelo lançamento, que, segundo especialistas, não parecia ser iminente em meio a suposições de problemas técnicos e frio intenso.
"Eu pensei que tinha sido adiado", disse à AFP. "Eu não entendo nada que esse país faz".

Outros expressaram raiva pelas ações imprevisíveis de um regime que é visto com extremo desgosto no Japão, em parte por uma série de sequestros de seus cidadãos por agentes norte-coreanos nas décadas de 1970 e 1980.

Naomi Ihara, de 43 anos, vendedora de uma loja de doces, afirmou que seu alívio por um aparente adiamento se transformou em raiva.

"Honestamente, esse país nos dá um monte de problemas. Eu não tenho sentimentos positivos sobre isso", disse.

Embora o governo de Seul tenha condenado fortemente o lançamento, a maioria dos sul-coreanos encarou o evento com tranquilidade.

Anos de tensões e de provocações da Coreia do Norte, incluindo dois testes nucleares, vários confrontos sangrentos nas fronteiras marítimas e até mesmo o bombardeio direto de uma ilha fronteiriça há um ano imunizaram em grande parte as pessoas contra o choque e o medo.

Ocorreram alguns protestos de pequena escala, com grupos de direita queimando imagens do líder norte-coreano Kim Jong-un. Mas a maioria dos sul-coreanos entrevistados demonstrou apenas exasperação em relação ao seu vizinho pobre e insolente do norte.

"A impressão que eu tive foi a de que a Coreia do Norte tentou mesmo mostrar algo para o mundo - onde eles sempre falharam miseravelmente - e finalmente conseguiu", disse Katelyn Jun, uma secretária de 23 anos.

"Bom para eles", acrescentou sarcasticamente. "Mas eu ainda não sei o que eles estão tentando conseguir com isso".

"Eu sugiro que eles se concentrem no desenvolvimento de tecnologias que beneficiem seu povo, não seu exército", completou.

Ao longo da fronteira, a agência oficial de notícias de Pyongyang, KCNA, disse que "o coração das pessoas está cheio de alegria".

Ela citou Lee Dae-Ik, um homem de 62 anos na capital que afirmou que podia imaginar como o ex-líder Kim Jong-il teria ficado orgulhoso.

"Fico com lágrimas nos olhos ao pensar em todos os esforços que o querido líder fez para colocar o nosso país no topo do poder espacial global", disse, de acordo com a mídia oficial.

Apesar de um aparente truque do Norte, que no início desta semana estendeu sua janela de lançamento por estar lidando com um problema técnico, a região estava preparada quando Pyongyang apertou o botão.

Tóquio confirmou rapidamente o lançamento, utilizando seu sistema de alerta para informar os meios de comunicação nacionais e as autoridades locais sobre o que havia ocorrido logo após a ação.

Quando Pyonguang fez sua última tentativa de lançar um foguete de longo alcance, em abril, Tóquio passou por embaraços depois que o governo anunciou o lançamento após a mídia.

Mas desta vez não houve atrasos e o gabinete do primeiro-ministro levou a notícia ao Twitter, disparando dezenas de tweets fornecendo detalhes sobre a trajetória do foguete e onde seus destroços caíram.

Taiwan também tinha equipamentos militares mobilizados para qualquer sinal de que o foguete saísse de seu curso, em um lançamento que a Coreia do Norte insistiu que tinha por objetivo colocar um satélite no espaço.

Taipei tinha dois sistemas de mísseis apontados para o céu e um destróier patrulhando as águas próximas caso a tecnologia da Coreia do Norte fracassasse novamente.

 

AFP

TAGS