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Justiça egípcia suspende julgamento sobre legalidade de nova Constituição

11:49 | 02/12/2012
Magistrados só retomam os trabalhos quando "não houver mais pressão" dos apoiadores do presidente Morsi. Governo marca referendo para aprovação do projeto de Constituição, acusado de forte influência ortodoxa islâmica. O Supremo Tribunal Constitucional do Egito decidiu neste domingo (02/12) adiar suas sessões por tempo indeterminado, depois que milhares de manifestantes islâmicos radicais cercaram o edifício da corte antes da audiência que iria avaliar a legalidade da Assembleia Constituinte egípcia, controlada por grupos ortodoxos. Na última sexta-feira a Assembleia Constituinte aprovou a toque de caixa o projeto de Constituição do país, em meio a protestos de liberais e da minoria cristã. Eles acusam a proposta de ser excessivamente alinhada com a ortodoxia islâmica. De acordo com o tribunal, os manifestantes passaram a noite nos arredores do prédio, impedindo o acesso dos magistrados. Por isso, os trabalhos só serão retomados quando "não houver mais pressão psicológica nem material", segundo nota divulgada pela agência oficial de notícias Mena. "Este é um dia negro na história da Justiça egípcia", afirmou o tribunal. A decisão aprofunda ainda mais a crise entre o presidente egípcio, Mohamed Morsi, e o Judiciário, iniciada com um decreto presidencial, publicado no mês passado, que ampliou os poderes de Morsi e tornou todas as decisões e leis estipuladas pelo presidente imunes à avaliação da Justiça. Referendo em duas semanas No sábado, Morsi anunciou um referendo para o dia 15 de dezembro, a fim de que a população se manifeste sobre o projeto de Constituição aprovado pela Constituinte. Este será o primeiro referendo desde que, há quase dois anos, manifestações populares acabaram por derrubar o ex-presidente Hosni Mubarak. O anúncio do referendo foi feito horas depois que milhares de manifestantes islâmicos se reuniram do lado de fora da Universidade do Cairo, durante o sábado, para prestar apoio a Morsi. Os apoiadores do presidente acusam os juízes do Supremo Tribunal Constitucional de lealdade a Mubarak. MSB/dpa,afp Revisão: Augusto Valente

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