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Joseph Murray, pioneiro no transplante de rins, morre aos 93 anos

09:54 | 27/11/2012

O médico Joseph Murray, o primeiro cirurgião a realizar em 1954 o primeiro transplante de rim bem-sucedido e Prêmio Nobel de Medicina em 1990, morreu na segunda-feira à noite aos 93 anos, anunciou o jornal americano Boston Globe.

Após sofrer um derrame cerebral, o médico morreu no hospital Brigham and Women's de Boston, onde realizou o primeiro transplante entre dois irmãos gêmeos, Ronald e Richard Herrick, em 23 de dezembro de 1954, segundo o jornal.

O hospital não confirmou a informação.

Nascido em abril de 1919 em Milford (Massachusetts), Murray, apaixonado pela ciência emergente dos transplantes, passou três anos trabalhando no serviço de cirurgia de um hospital militar da Pensilvânia durante a Segunda Guerra Mundial.
Ele realizava cirurgias e tratava temporariamente soldados com graves queimaduras fazendo enxertos com pele de cadáveres.

"A lenta rejeição dos enxertos de pele estranha me fascinou. Como o receptor distingue a pele de outra pessoa da sua própria", escreveu Murray em um ensaio autobiográfico publicado pelo Comitê do Nobel.

Em seguida, Murray descobriu que o cirurgião plástico-chefe, o coronel James Brown, havia transplantado um enxerto de pele entre irmãos gêmeos e que o receptor havia aceitado o tecido estranho sem que o seu sistema imunológico atacasse instintivamente.

"Este foi o ponto de partida de minha pesquisa sobre o transplante de órgãos", escreveu ele.

Na época, a ideia de transplantar órgãos de um paciente vivo para outro foi objeto de controvérsia. Alguns consideravam o transplante de tecidos ou órgãos como uma violação das regras da natureza e que colocava a vida do receptor e do doador em perigo. Contudo, o sucesso da operação histórica entre os gêmeos Herrick contribuiu para mudar a situação.

O dr. Murray transplantou um rim de Ronald Herrick em Richard, prolongando assim a vida deste último em oito anos. Ronald morreu apenas em 1990.
Com esta experiência, Murray ajudou na década de 1960 o desenvolvimento do Imuran, um medicamento que suprimiu o fenômeno da rejeição em receptores de órgãos de doadores não aparentados.

Ele recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1990, que ele compartilhou com E. Donnall Thomas, um pioneiro no transplante de medula óssea.

Suas descobertas têm sido usadas para curar ou prolongar a vida em condições normais ou aceitáveis de milhares de pacientes gravemente doentes.

Mais tarde, Murray se dedicou à cirurgia plástica, principalmente em remodelar os rostos de crianças com deformidades. Ele foi diretor do departamento de cirurgia plástica do hospital Brighams por mais de 40 anos e de um departamento do centro hospitalar para crianças (Children's Hospital Medical Center) de Boston de 1972 a 1985, de acordo com o Globe.

"Minha vida como cirurgião e cientista, combinando humanidade e ciência, foi incrivelmente gratificante", escreveu Murray em sua autobiografia do Nobel.

"Através de nossos pacientes, nós somos testemunhas diárias da natureza humana em estado bruto, o desespero, a coragem, a compreensão, a esperança e resignação, e o heroísmo. Nós detectamos novos problemas e resolvemos, descobrindo novas maneiras".

Murray tinha três filho e três filhas e 18 netos, segundo o Globe.

 

AFP

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