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Eurogrupo não chega a acordo sobre ajuda à Grécia

10:08 | 21/11/2012
Após atravessar madrugada, reunião de ministros das Finanças do Eurogrupo volta a ser encerrada sem consenso sobre solução para a Grécia. Novo encontro foi marcado para segunda-feira. "A Grécia fez seu papel. Agora temos que fazer o nosso." A frase do chefe do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, reflete o consenso hoje compartilhado por todos os ministros das Finanças da zona do euro em relação às reformas e ao programa de austeridade implementados por Atenas. Mas faltou uma decisão sobre a liberação da próxima parcela do programa de resgate de mais de 30 bilhões de euros. Depois de quase 12 horas de negociações madrugada adentro, Juncker foi obrigado a anunciar, na manhã de quarta-feira (21/11), a suspensão temporária das conversas. "Devido à complexidade das questões discutidas, não encontramos uma solução conclusiva. Por isso, vamos nos encontrar novamente na segunda-feira", informou o ministro alemão da Finanças, Wolfgang Schäuble. Já é a segunda vez que isso acontece. Na segunda-feira da semana passada, os ministros das Finanças e a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, não conseguiram avançar muito. A liberação da parcela em si não é o problema, e sim novas lacunas de financiamento. Afinal, uma coisa é clara: a Grécia enfrenta uma recessão tão profunda e longa, que vai demorar a se recuperar financeiramente. No entanto, mais tempo significa também mais dinheiro, dinheiro que também deve vir dos credores. Esta lacuna de financiamento deve ser fechada. O comissário para Assuntos Monetários da UE, Olli Rehn, tinha dito antes do início das negociações ser importante "remover as incertezas que ainda pairam sobre a Grécia, e, consequentemente, sobre a zona do euro sobretudo, para incentivar investimentos, tão necessários ao crescimento econômico e à criação de empregos na Europa." Duas lacunas Na verdade, não há só uma, mas duas lacunas de financiamento. Uma delas é criada no momento em que a Grécia receber mais dois anos de prazo, ou seja, até 2016 para reduzir seu déficit orçamental abaixo da marca de 3%. Até 2014, seriam necessários de 13 bilhões de euros, enquanto que até 2016, quase 33 bilhões de euros. A segunda lacuna apareceria caso Atenas também tenha o prazo estendido até 2022, em vez de 2020, para reduzir sua dívida total e chegar a um nível de endividamento de no máximo 120% do seu Produto Interno Bruto (PIB). Os países do euro estariam prontos a fazer esta concessão. Mas Lagarde afirmou publicamente na semana passada ser contrária a essa ideia. Mesmo assim, o ministro alemão das Finanças não quis admitir haver um conflito. "Não tenho desavença alguma com o FMI. O FMI tem suas próprias condições sobre o que pode ser viável e o que não pode", argumentou Schäuble. Limites O que ainda não se sabe é de onde virá tanto dinheiro adicional. "Todos têm que concordar em passar de seus limites", apelou na véspera o ministro francês das Finanças, Pierre Moscovici. Já sua colega austríaca, Maria Fekter, é uma das figuras conhecidas por deixar claros seus limites. E desta vez, não foi diferente. "Não serão concedidas mais verbas adicionais, porque ficaria difícil explicar isso aos nossos contribuintes", ressaltou. O governo alemão também não simpatiza com a ideia de ter de liberar mais fundos para um terceiro pacote de resgate para a Grécia. Também um perdão da divida por parte dos governos, como pede Lagarde, é algo impensável para alguns países credores. Mas a preocupante situação financeira da Grécia e o desejo do Eurogrupo de manter a união monetária a qualquer custo podem, a longo prazo, tornar essa opção a única saída. Para o comissário Olli Rehn, os ministros da Finanças parecem estar tendendo ligeiramente para essa conclusão. "Devemos estar prontos para, se necessário, tomar outras decisões nos próximos anos que dêem à Grécia uma sustentabilidade adequada para sua dívida." Tais frases podem ser ditas facilmente por um comissário da UE. Mas para os ministros, essa questão é politicamente muito delicada. Eles querem evitar a todo o custo a impressão de que o dinheiro público está sendo derramado em um saco sem fundo. Entretanto, é uma incógnita se as questões de financiamento pendentes serão resolvidas até segunda-feira. Elas não devem ser abordadas na cúpula sobre o orçamento plurianual da UE, agendada para quinta e sexta-feira. Mas o clima pesado certamente vai se refletir na reunião. Autor: Christoph Hasselbach (md) Revisão: Francis França

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