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Compromisso de Estados com clima ainda está mais longe da meta que o esperado

Segundo a ONU, caso não sejam adotadas medidas urgentes, o aumento médio da temperatura do planeta durante este século será de 3 a 5 graus

10:49 | 21/11/2012
AFP
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A poucos dias da grande Cúpula do Clima organizada pela ONU em Doha, um novo relatório alerta: os esforços da comunidade internacional estão ainda mais longe da meta do que se pensava para cumprir um aumento máximo de 2 graus e evitar um cenário de catástrofe.

"É uma mensagem muito preocupante que lançamos", declarou o secretário executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, durante uma coletiva de imprensa em Londres para a apresentação do relatório 2012.

O alerta foi imediatamente comentado pela comissária europeia encarregada pelo clima, Connie Hedegaard. "É simplesmente inacreditável ver os riscos que muitas pessoas estão prontas a depositar sobre as futuras gerações", ressaltou em um comunicado.

Segundo a ONU, caso não sejam adotadas medidas urgentes, o aumento médio da temperatura do planeta durante este século será de 3 a 5 graus.
O objetivo de 2 graus fixado pela comunidade internacional é o máximo, segundo os cientistas, para evitar que o sistema climático dispare, com efeitos que acelerariam fortemente o aquecimento.

Para alcançar este objetivo seria necessário que o planeta emitisse apenas 44 gigatoneladas (Gt) de equivalente CO2 por ano até 2020, contra as 50 atualmente.

Mesmo com o cumprimento das promessas mais ambiciosas, faltariam 8 Gt, ou seja mais de 2 Gt do estimado no relatório anterior do PNUMA em 2011.

A nova avaliação se explica, em parte, pelo fato dos "países terem esclarecido suas promessas e como elas devem ser interpretadas na prática, o que permitiu atualizar nossa avaliação", explicou à AFP Joeri Rogelj, um dos autores do relatório.

Além disso, pela primeira vez, o Pnuma levou em conta o problema da "dupla compatibilidade" das reduções de gases do efeito estufa, ou seja, quando dois países incluem em seu cálculo uma só e igual redução de emissões, através de mecanismos complexos.

No início da semana, o Banco Mundial já havia advertido sobre o cenário trágico de um aquecimento de 4 graus até 2060 e a "escalada de catástrofes" que vão atingir os países pobres.

Na terça-feira, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou um nível recorde de gases do efeito estufa presentes na atmosfera em 2011.

"De quantos alertas, verbais e concretos, precisaremos para agir?", questionou nesta quarta-feira o Greenpeace.

O Pnuma ressaltou que o objetivo de 2 graus continua "atingível", desde que medidas rápidas sejam tomadas.

"Enquanto os governos iniciam negociações que devem resultar em um novo acordo internacional para entrar em vigor em 2020, devemos urgentemente acelerar o passo", considerou Steiner.

Este acordo global deve ser alcançado até 2015.

O grande encontro anual sobre o clima será aberto em 26 de novembro e encerrado em 7 de dezembro, em Doha. Mais de 190 países tentarão avançar na luta contra o aquecimento global.

O único acordo legalmente em vigor é o Protocolo de Kyoto, tratado assinado por alguns países industrializados que concordaram em reduzir suas emissões e cujo ato II, que deveria ser aplicado a partir de 2013, será finalizado em Doha.
Mas o tratado engloba apenas um terço das emissões globais de gases de efeito estufa: os Estados Unidos nunca ratificaram, países como Japão e Canadá decidiram não se comprometer com um segundo ato, e, finalmente, não se aplica ao grande emergente, a China, que se tornou o maior emissor de CO2 no mundo.

 

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