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Questões sociais não decidem, mas polarizam eleição presidencial nos EUA

15:56 | 25/10/2012
Temas como aborto, imigração e direitos dos homossexuais não são prioritários para Obama e Romney nem têm poder para decidir a eleição. Mas eles deixam claras as diferenças entre os dois candidatos. Houve uma época em que não importava para o candidato republicano Mitt Romney se o seu colega de trabalho na empresa Bain Capital era homossexual ou o que ele fazia durante o tempo livre era o trabalho dele que importava. E durante a campanha ao governo de Massachussets, em 2002, Romney disse que não mudaria a lei estadual que garantia às mulheres o direito ao aborto. Mas de lá para cá, Romney pendeu para a direita. Hoje ele define o casamento como uma união entre um homem e uma mulher e quer uma emenda que garanta isso na Constituição dos Estados Unidos. Hoje o ex-governador é contra o aborto e quer que a decisão da Suprema Corte de 1973, que garantiu às mulheres o direito de escolha, seja revogada. Casamento gay e aborto são apenas dois dos inúmeros exemplos em que o candidato à presidência Romney não concorda com o governador Romney. "Ele parece não ter valores ou posições básicas que durem", afirma Thomas Mann, cientista político do Instituto Brookings. Ele lembra que Romney precisa agradar uma base republicana muito conservadora se quiser se tornar presidente. E, se de fato ganhar a presidência, não poderá mais retornar às posições liberais do passado porque vai precisar do apoio dessa base para governar. Aborto e casamento gay O presidente Barack Obama também mudou recentemente suas ideias sobre o casamento homossexual. Durante uma entrevista, no início do ano, ele disse que suas visões sobre o assunto tinham evoluído e que agora acreditava que deveria ser permitido a casais do mesmo sexo casar. A mudança de Obama segue uma tendência nacional. Se há dez anos a maioria da população americana era contra o casamento gay, hoje uma pequena maioria é a favor. Essa posição é compartilhada sobretudo pelos democratas, pelos eleitores independentes e pelos jovens. Os EUA também se dividem quando o assunto é aborto, mas ao contrário do casamento gay, o público se moveu para o lado conservador. O assunto é visivelmente mais polêmico do que os direitos dos gays. Os conservadores conseguiram conquistar uma boa parte dos americanos, mas Obama segue firme na sua posição de defender o direito das mulheres ao aborto e ao acesso legal ao procedimento. Política de imigração No que diz respeito à política de imigração, os candidatos presidenciais têm tanto diferenças como ideias em comum. O presidente apoia a reforma da lei da imigração: ele quer ajudar os estimados 11 milhões de imigrantes sem documentos a legalizar sua presença nos EUA. Mas republicanos mais conservadores bloqueram o chamado Dream Act, originalmente uma iniciativa legislativa dos dois partidos que procurava garantir residência permanente a pessoas sem documentos, que foram levadas para os EUA quando ainda eram menores e que concluíram o ensino secundário ou serviram por dois anos nas Forças Armadas. Sem conseguir convencer o Congresso a aprovar o Dream Act, Obama assinou um decreto que parou a deportação de jovens trazidos aos EUA ilegalmente pelos pais. Os critérios do decreto são semelhantes aos do Dream Act, mas a medida é temporária. Para milhões de jovens, a ordem do presidente significa que eles podem permanecer no país onde cresceram por mais tempo. Mas nos casos não amparados pelo decreto, a administração Obama endureceu as regras de imigração. O número de deportações aumentou cerca de 30% em comparação com o segundo mandato de George W. Bush, e 400 mil imigrantes sem documentos são deportados a cada ano. Romney também quer reformar a política de imigração e critica Obama por não ter feito isso durante seu primeiro mandato. Mas Romney rejeita uma anistia. Ambos não querem separar famílias e facilitar a permanência nos Estados Unidos de estudantes e profissionais estrangeiros altamente qualificados. O candidato republicano à vice-presidência, Paul Ryan, votou contra o Dream Act, e Romney também se opõe à legislação. Além disso, Romney quer construir uma cerca de alta tecnologia na fronteira com o México. Efeitos de longo prazo De acordo com Mann, o debate sobre a política de imigração nos EUA é a questão social mais importante no momento, porque a minoria hispânica tem crescido rapidamente. "A questão imigratória tem uma valor simbólico para esse grupo, mesmo que não afete diretamente muitos deles", diz Mann. "A guinada à direita do Partido Republicano desde a presidência de George W. Bush permitiu aos democratas construir e manter uma liderança substancial entre esse eleitorado." Questões sociais como aborto, casamento gay e imigração não estão entre as prioridades das duas campanhas. A questão central é a econômica, como é de praxe em todas as disputas. Mas, a longo prazo, Mann acredita que as posições dos dois partidos sobre imigração e casamento homossexual devem se tornar mais importantes. "Se os republicanos permitirem que o apoio entre os hispânicos continue tão baixo e que os jovens eleitores se tornem democratas, poderão realmente ter um problema", afirma Mann. Autora: Christina Bergmann (ro) Revisão: Alexandre Schossler

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