Colômbia e Farc prosseguirão negociações em Havana
"Chegamos a um acordo para a instalação pública de uma mesa de negociação", disse o enviado cubano Abel Garcia ao ler um comunicado conjunto das partes envolvidas, que em silêncio escutaram o anúncio.
Em seguida, o negociador chefe do governo colombiano, De la Calle, fez uma breve declaração. Depois dele falou o comandante Iván Márquez (cujo nome verdadeiro é Luciano Marín Arango), um dos seis membros do "secretariado", a liderança máxima das Farc. De la Calle disse que o início das negociações representa uma "boa notícia" para o povo colombiano. Ele alertou que o processo será difícil. "O final do conflito armado é apenas o começo da paz. Nós precisamos transformar a sociedade".
De la Calle afirmou que sabe das dificuldades mas que está disposto a trabalhar. Márquez, por sua vez, disse que os rebeldes chegam para as conversas "com um ramo de oliveira nas mãos". Os dois lados afirmaram que o diálogo sobre temas concretos começará em 15 de novembro, em Havana, e que o primeiro ponto a ser discutido será o desenvolvimento agrícola e nas oportunidades de emprego para os camponeses. Outros pontos a serem discutidos são a representação política para as Farc, um cessar-fogo entre o governo e a guerrilha, fim ao tráfico de drogas e também a reparação das vítimas dos mais de 50 anos de conflito civil na Colômbia.
De la Calle disse que as Farc precisam lutar por sua ideologia, mas dentro do sistema, como todos os partidos políticos. "Eles devem lugar por suas ideias, mas dentro da democracia", afirmou o jurista.
A guerra entre o governo colombiano e as Farc deixou mais de 60 mil mortos. O governo e a guerrilha tentaram negociar a paz durante quatro vezes, a última das quais no final da década de 1990, durante o governo do presidente Andrés Pastrana. O processo fracassou após o governo desmilitarizar uma região no sul da Colômbia que passou a ser controlada pelas Farc. Muito enfraquecida nos últimos anos pela ofensiva militar conduzida pelo ex-presidente Alvaro Uribe, e depois pelo presidente Juan Manuel Santos, a guerrilha deve ter atualmente cerca de nove mil combatentes, o que a torna o maior exército guerrilheiro na América Latina.
As informações são da Associated Press e da Dow Jones.