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Protestos contra filme anti-islã e charges deixam 15 mortos no Paquistão

As autoridades paquistanesas decretaram feriado nesta sexta-feira, 21, chamado de "Dia do amor do profeta", para permitir que as pessoas protestassem em defesa do Islã e de Maomé

15:15 | 21/09/2012

ISLAMABAD, Paquistão, 21 Set 2012 (AFP) - O Paquistão foi nesta sexta-feira o principal palco de protestos contra o filme americano anti-islã e a mobilização, extremamente fragmentada, de milhares de pessoas resultou em 15 mortos e mais de 200 feridos.

Em outros países muçulmanos, protestos antiamericanos ou antifranceses, após a publicação de novas charges de Maomé na França, foram limitados e sem violência depois da oração.

As autoridades paquistanesas tinham decretado esta sexta-feira, 21, como feriado, chamado de "Dia do amor do profeta", para permitir que as pessoas protestassem em defesa do Islã e de Maomé, ridicularizados no filme americano "A inocência dos muçulmanos", a causa principal da onda de protestos nos últimos dias no mundo muçulmano.

O saldo no início da noite era de 15 mortes - 10 em Karachi, a metrópole do sul do Paquistão, e cinco em Peshawar, a maior cidade do noroeste - e cerca de 200 feridos, contando com os registrados na capital Islamabad, onde os manifestantes foram mantidos longe das embaixadas ocidentais.

Essas mortes elevam para 17 o número de mortes registradas no total no Paquistão, desde

o início dos protestos contra o filme na semana passada.

Enquanto o comércio permaneceu fechado, os protestos se multiplicaram e se intensificaram à tarde, depois da oração, liderados por influentes partidos islâmicos e alguns grupos extremistas.

Os primeiros incidentes graves aconteceram pela manhã em Peshawar, região muito conservadora e fronteira com o Afeganistão, onde milhares de pessoas se reuniram.
As cinco pessoas morreram em confrontos com a polícia depois que os manifestantes saquearam e queimaram dois cinemas.

Em Karachi, onde manifestantes também incendiaram três cinemas, três bancos e um restaurante da rede americana Kentucky Fried Chicken, um policial e nove manifestantes morreram, segundo a polícia.

As forças de segurança estavam em alerta principalmente na capital Islamabad, onde barreiras foram levantadas para evitar o ataque contra o reduto diplomático, onde estão instalados as embaixadas dos Estados Unidos e da França.

Cerca de 20 mil pessoas marcharam aos gritos "Os americanos são cães" e "Os amigos dos americanos são traidores" perto do enclave. Alguns chegaram a jogar pedras na polícia, que respondeu disparando gás lacrimogêneo. Os manifestantes foram dispersados já durante a noite.

Na quinta-feira, os confrontos no mesmo local resultaram em 50 feridos.

O primeiro-ministro paquistanês, Raja Ashraf, pediu no início do dia ao povo que protestasse pacificamente, ao mesmo tempo em que condenou veementemente o filme americano como "um ataque inaceitável contra o profeta".

As manifestações antiamericanas são comuns no Paquistão, país de 180 milhões de habitantes, onde poderosos grupos islamitas denunciam regularmente a aliança do governo de Islamabad com os Estados Unidos.

Mas uma tal onda de manifestações simultâneas e pelas mesmas razões não tem precedentes. Mais de 4.000 pessoas também protestaram em Lahore (leste), a segunda maior cidade do país, milhares em Multan (centro), e 30.000 em Muzaffarabad (leste), a capital da Caxemira paquistanesa, informou a polícia.

Se por um lado os manifestantes expressaram sua hostilidade para com os Estados Unidos e o filme americano, eles não mencionaram as charges de Maomé publicadas na França pelo semanário satírico "Charlie Hebdo".

Os Estados Unidos reiteraram nesta sexta-feira que eles não tinham nada a ver com o filme produzido em seu território há um pouco mais de um ano.

No resto do mundo muçulmano, nenhum movimento violento foi registrado, mesmo em Cabul, onde apenas pequenas manifestações antiamericanas e antifrancesa pacíficas foram relatadas.

Centenas de manifestantes se reuniram em frente ao consulado da França em Surabaya (Java), aos gritos de "Morte à América, morte à França!", no Iêmen e em Marrocos. Eles eram cerca de mil na capital dos Comores Moroni, milhares em Basra (Iraque) e no Líbano, e até 10.000 pessoas, que queimaram uma efígie do presidente Obama e uma bandeira francesa, em Bangladesh.

Cinquenta pessoas também manifestaram em frente à embaixada da França no Cairo para protestar contra "ataques ao Islã".

Outras dezenas protestaram diante da embaixada da França em Londres exibindo cartazes do tipo "Os muçulmanos vão conquistar a França" e "Maldita democracia! Ao inferno com a liberdade!".

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