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Primeiro-ministro do Mali pede intervenção militar no país

O chefe de governo interino do país assumiu em meio a uma crise política generalizada que se instalou depois de um golpe de estado, em março, que derrubou o presidente Amadou Toumani Touré

10:09 | 28/09/2012

Em seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o primeiro-ministro do Mali, país africano no Deserto do Saara, pediu a formação de uma força militar multinacional para intervir em seu território. Cheick Modibo Diarra declarou que o Norte do Mali está ocupado por terroristas, traficantes e criminosos de vários tipos. Segundo ele, “só esta ação pode ajudar o Exército do país a reconquistar o território e garantir a segurança das pessoas”.

O chefe de governo interino do país assumiu em meio a uma crise política generalizada que se instalou depois de um golpe de estado, em março, que derrubou o presidente Amadou Toumani Touré. A junta militar que liderou o golpe formou um governo às pressas, e Cheick Modiabo Diarra – que era o principal executivo da empresa americana Microsoft na África – pediu demissão de seu trabalho e aceitou participar do gabinete, com a tarefa principal de reorganizar as forças políticas do país e convocar eleições.

Mas a crise política permitiu que rebeldes tuaregue – nômades do Deserto do Saara – dominassem quase dois terços do país, declarando a independência do Azawad, mesmo sem reconhecimento internacional. No local não há presença do Estado malinês, e o vácuo de governo permitiu ações bárbaras: bandos saqueiam aldeias, roubam gado e alimentos estocados, torturam, estupram e matam, segundo a UNHCR, entidade da ONU para refugiados.

Além disso, os tuaregues, na maioria ligados a grupos radicais islâmicos, querem impor a sharia - a lei muçulmana - e perseguem quem não se sujeita. O Departamento de Estado norte-americano recentemente denunciou ligações entre esses grupos e a organização terrorista Al Qaeda. Os rebeldes também estariam recebendo apoio de milícias da Líbia, que já teriam cedido a eles armas usadas na recente derrubada do regime de Muammar Khadafi.

As consequências da violência no Mali ultrapassam as fronteiras nacionais. Milhares fogem de suas casas nas regiões de conflito todos os dias. Além de 185 mil pessoas que vagam pelas cidades do país, principalmente na capital Bamako, mais 265 mil, de acordo com a UNHCR, já cruzaram os limites dos países vizinhos, principalmente, da Mauritânia, Argélia, do Níger e de Burkina Faso. Nesses países, os malineses vivem em campos de refugiados perto da fronteira, e dependem da insuficiente ajuda de instituições de apoio humanitário ou da caridade de habitantes locais para terem água e comida.

 

Agência Brasil

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