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Grupo islâmico assume autoria de duplo atentado na Síria

16:22 | 26/09/2012
Dia mais intenso de lutas na Síria deixou dezenas de mortos, afirmam forças rebeldes. Segundo declaração na internet, grupo Jihadistas Heroicos assumiu autoria de duplo atentado ao Comando do Estado-Maior em Damasco.

Opositores do regime do presidente sírio Bashar al-Assad conseguiram incendiar nesta quarta-feira (26/09) o quartel-general das Forças Armadas sírias no centro da capital Damasco.

Segundo informações dos rebeldes, primeiro foi detonado um carro-bomba na praça Umayad, próxima ao complexo militar. Cerca de 15 minutos depois foram detonados explosivos em frente ao prédio do Comando do Estado-Maior. O edifício então pegou fogo.

Citando fontes do Exército, a TV estatal síria anunciou que dois suicidas teriam detonado carros cheios de explosivos nas proximidades e dentro do prédio do Comando do Estado-Maior. Segundo a emissora, as explosões provocaram a morte de quatro guardas militares e deixaram 14 civis e soldados feridos.

A emissora de televisão Iranian Press TV, que transmite em inglês, relatou que um de seus correspondentes, o sírio Maya Nasser, de 33 anos, teria sido morto na troca de tiros que se escutou depois das detonações. Testemunhas afirmaram que, após as explosões, houve um forte tiroteio entre tropas do governo e rebeldes, que usavam uniformes militares.

Militares desertores

Em vídeo divulgado pela emissora estatal iraniana Al Alam pode-se ver como jornalistas que apoiam o governo Assad estavam ao lado de diversos civis armados em frente ao prédio do Comando do Estado-Maior. As imagens apontavam que o atentado foi praticado por militares desertores.

Essa suspeita foi confirmada posteriormente por um porta-voz do Exército Livre da Síria. O porta-voz disse à agência de notícias AFP que o atentado foi praticado por civis e soldados desertores que se aliaram à luta contra as tropas do governo.

Nesta quarta-feira, o grupo islâmico Jihadistas Heroicos assumiu a autoria do duplo atentado, em declaração publicada na internet pelo braço sírio do grupo Ansar al-Islam (Seguidores do Islã). De acordo com a declaração, um suicida explodiu seu carro na entrada principal do Comando do Estado-Maior.

Em seguida, foram explodidas bombas que teriam sido colocadas no terceiro andar do edifício, em cooperação com "honrosos soldados". Além dos suicidas, quatro combatentes que invadiram o edifício foram mortos. "Os soldados de Assad fugiram e o edifício se incendiou", disseram os islamitas.

Segundo o porta-voz do Exército Livre da Síria, além do Ansar al-Islam, três outros grupos rebeldes participaram da ação. Anteriormente, os combatentes do Exército Livre da Síria haviam assumido a autoria do atentado na página de Facebook do conselho militar dos rebeldes da região de Damasco, anunciando que dezenas de pessoas teriam sido mortas.

Buscas em Damasco

Rami Abdel Rahman, chefe do Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, informou que as lutas em torno do Comando do Estado-Maior, nesta quarta-feira, foram as mais intensas desde o início dos protestos, em março de 2011.

No vilarejo de al-Diyabiye, nas proximidades de Damasco, membros do Exército Livre da Síria afirmaram ter encontrado 50 corpos. Os rebeldes afirmaram que os homens teriam sido mortos pelas tropas de Assad.

Os comitês da revolução anunciaram que tropas do governo e milícias teriam massacrado 16 membros de uma família no bairro damasceno de Al Birse. E, pela primeira vez, também houve buscas no bairro de Malki, onde vivem muitos funcionários e beneficiados do regime. Em todo o país, os rebeldes contaram 125 mortos.

Difícil solução política

Os protestos populares que se iniciaram há 18 meses contra a liderança do presidente Assad escalaram para uma guerra civil. Estimativas falam de 20 mil a 27 mil vítimas. O Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou que o número de mortos já ultrapassou os 30 mil.

Segundo dados das Nações Unidas, mais de 250 mil sírios se encontram refugiados. E como China e Rússia protegem o governo Assad no Conselho de Segurança da ONU, ainda não se vislumbra uma solução política.

Por esse motivo, o emir do Catar defendeu uma intervenção militar dos Estados árabes na Síria. "O Conselho de Segurança não conseguiu tomar posições eficazes", declarou o xeque Hamad bin Jassim al-Thani, na Assembleia Geral das Nações Unidas.

O presidente russo, Vladimir Putin, logo rejeitou a proposta. Putin disse em Moscou que qualquer tentativa de aplicar a violência unilateral ou de se intrometer em eventos no Oriente Médio ou na África do Norte seria contraprodutiva. "A incitação em diferentes formas à violência com o objetivo de mudar a liderança leva somente a um beco sem saída". "Violência gera violência", afirmou Putin.

Em seu discurso perante a Assembleia das Nações Unidas, o presidente francês, François Hollande, exigiu que a ONU assumisse a responsabilidade pela proteção das zonas controladas pelos rebeldes. A ONU deveria dar ao povo sírio todo o apoio que for requisitado, disse Hollande.

CA/afp/rtr/dpa/dapd
Revisão: Francis França

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