Comissão Europeia abre processo de dumping contra indústria solar chinesa
Fabricantes europeus de energia solar abrem processo contra concorrentes chineses, acusados de venderem produtos abaixo do preço de produção. China desaprova a decisão e defende uma saída negociada para a discussão.
A Comissão Europeia abriu um processo para avaliar a importação, no continente, de módulos de captação de energia solar produzidos na China. Os chineses são acusados pelos fabricantes europeus de praticarem dumping (venda de produtos por preços muito baixos, a fim de dominar o mercado). As importações europeias desses produtos chineses chegam a movimentar 21 bilhões de euros por ano.
Com o processo, os europeus tentam reagir à concorrência que consideram desleal. Segundo a Comissão, as autoridades de defesa da livre concorrência de mercado devem verificar as acusações, e já indicam que há "indícios suficientes" de que este pode ser o caso. Agora, o comissário europeu do Comércio, Karel de Gucht, terá 15 meses para definir uma medida a ser tomada.
China reage com desaprovação
Vinte e cinco empresas europeias de energia solar apresentaram em julho no departamento europeu anticartel uma queixa de dumping contra a indústria solar da China. Para conseguir oferecer preços tão baixos, os comerciantes estariam recebendo robustos subsídios do governo em Pequim. Entre 70% e 80% dos painéis solares na Europa estariam sendo importados da China, segundo levantamento da União Europeia (UE).
Grandes nomes da indústria solar chinesa como Yingli, Suntech, Trina e Canadian Solar ameaçam, em retaliação, com uma guerra comercial. O governo chinês também desaprovou a decisão da Comissão Europeia. O Ministério chinês do Comércio divulgou que o governo "lamenta profundamente" a decisão da Comissão Europeia de ter aceitado o processo "apesar dos repetidos apelos da China de tentar resolver a discussão por meio de consulta e de cooperação".
O fundador do grupo Solarworld, Frank Asbeck, um dos principais iniciadores do processo desencadeado por empresas europeias, saudou o passo da Comissão Europeia. Ele espera que os chineses retornem a "atividades econômicas razoáveis". Asbeck diz que a China é a principal culpada pelo aumento dos conflitos. "Não se inicia uma guerra comercial com um processo de dumping, mas sim com alguém praticando dumping."
Governo alemão quer solução
O ministro alemão do Meio Ambiente, Peter Altmaier, espera que a discussão chegue a uma solução de comum acordo. Segundo ele, o início do processo não impede que neste "meio-tempo se busque um outro caminho para acabar com as controvérsias", afirmou Altmaier.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, defendeu posição semelhante durante sua recente visita a Pequim. Ela defendeu uma saída política para o problema, para que "os dois lados não se armem novamente". Ela quer que a Comissão Europeia faça uma proposta de negociação.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, os fabricantes de energia solar conseguiram uma vitória preliminar contra os concorrentes chineses. O Departamento de Comércio norte-americano já introduziu taxas de importação antidumping provisórias para os produtos chineses. Uma decisão final está sendo aguardada para os próximos meses.
MSB/dpa/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque