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África do Sul:protesto é dispersado com bala de borracha

11:30 | 15/09/2012
A polícia sul-africana usou balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar homens, mulheres e crianças numa ação contra mineiros em greve. A demonstração de força desde sábado ocorreu depois de o governo sul-africano ter prometido combater protestos ilegais e desarmar grevistas que pararam de trabalhar em uma mina de ouro e seis de platina a noroeste de Johanesburgo.

Foi a primeira ação policial desde que oficiais mataram 34 mineiros em 16 de agosto, numa demonstração de violência que chocou o país. Cerca de 500 policiais invadiram albergues da mina de Marikana, pertencente à mineradora Lonmin, durante a madrugada e confiscaram facões, lançadas, facas e paus, afirmou o porta-voz policial brigadeiro Thulani Ngubane.

A polícia tenta encerrar as cinco semanas de greve na mina, que já atinge algumas das maiores produtoras de de platina e ouro do país. Trabalhadores disseram que a polícia invadiu os albergues no meio da noite, quebrando janelas e apontando armas para os que estavam dormindo.

Ngubane afirmou também que o Exército pode ser convocado para atuar no caso, se a situação piorar. "Se precisarmos, soldados nos darão reforço. Eles são parte do Estado e todas os recursos do Estado estão disponíveis para assegurar que manteremos a situação em Marikana", acrescentou. "Mas, neste momento, não há soldados em qualquer parte da região ou perto da área operacional de Marikana."

Seis homens foram presos por posse ilegal de armas e drogas, disse ele. Outros seis foram detidos mais tarde. Os policiais lançaram gás lacrimogêneo contra centenas de mineiros que se recusavam a entregar suas armas.

A polícia direcionou os manifestantes para Wonderkop, uma favela onde os moradores haviam montado barricadas com pneus em chamas para impedir a entrada dos policiais. A polícia disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha contra as pessoas que desobedeceram suas ordens e usaram um megafone para ordenar que ficassem em casa.

A África do Sul, responsável por 80% de toda a platina produzida no mundo, luta para conter as greves que, segundo o ministro de Finanças Pravin Gordhan, se tornaram um problema para a economia do país e ameaçam reduzir a perspectiva de crescimento da África do Sul.

Tudo começou em 10 de agosto, quando 3 mil trabalhadores que perfuram rochas entraram em greve na mina de Marikana. Nos dias seguintes, confrontos entre funcionários deixaram dez mortos. As tensões aumentaram ainda mais em 16 de agosto, quando a polícia fez disparos com balas de verdade contra uma multidão de manifestantes, matando 34 pessoas. Mais um corpo foi encontrado na mina nesta semana.

Por trás das greves estão as exigências de maiores salários dos trabalhadores, frustrados com a lentidão das mudanças desde o final do apartheid, 18 anos atrás. Os mineiros rejeitaram a proposta da União Nacional dos Trabalhadores de Minas (NUM, pela sigla em inglês), o maior sindicato do país e aliado do Congresso Nacional Africano, o partido que governa a África do Sul.

Já a recém-criada Associação de Trabalhadores de Minas e Sindicato da Construção têm recrutado novos membros, estimulando confrontos entre os sindicatos. Por outro lado, as greves parecem ter criado uma dinâmica própria, já que comitês de trabalhadores afirmam que estão atuando por iniciativa própria, sem a interferência sindical. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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