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AFP - Queda nas vendas e dúvidas nas passarelas de Milão

09:34 | 19/09/2012

ROMA, 19 Set 2012 (AFP) - A Semana de Moda de Milão começa nesta quarta-feira em clima de apreensão após resultados em queda na indústria da moda italiana e de rivalidade entre marcas famosas, além da necessidade de enfrentar a crise econômica.

Apesar da indústria da moda tentar ao máximo reagir, desafiando a crise com a demanda dos mercados emergentes, a economia do país ainda está em maus lençóis e o ar de tristeza que tomou conta se espalhou até para o mundo da moda, onde os ânimos estão exaltados.

Na semana passada o setor previu uma queda de 5.6% para 2012, 60,2 bilhões de euros (79 bilhões de dólares), maior que a estimativa anterior de 5,2%, dados considerados "não muito tranquilizadores" segundo a Câmara Nacional de Moda da Itália.

O clima de rivalidade se mostrou na explosão do estilista Roberto Cavalli em seu blog na semana passada, acusando a Câmara Nacional de Moda, que organiza o evento, de não apoiar as marcas italianas menos conhecidas.

Cavalli acusa a câmara de permitir que o "Pequeno Rei" Armani mudasse o calendário de seus desfiles de segunda-feira para domingo, deixando-o em apuros, já que somente as marcas mais famosas desfilariam no dia do encerramento, e ele teme que os jornalistas e compradores deixem o evento mais cedo.

"Cavalli sempre foi um membro da câmara. Eu acho que Armani é membro também, mas cada uma de suas escolhas é percebida como uma ordem! A Câmara Nacional apoia apenas os nomes mais famosos, dando às pequenas empresas o que sobra", diz.

Sessenta e oito marcas vão levar suas coleções para a primavera-verão 2013 para as passarelas em palácios, monumentos e parques por toda a cidade de Milão até a próxima terça-feira.

O evento abre suas portas com o desfile da Gucci nesta quarta-feira, seguida por Prada, na quinta-feira, Versace e Etro na sexta-feira, Jil Sander e Fendi no sábado, Giorgio Armani e Dolce & Gabbana no domingo e Roberto Cavalli na segunda-feira.

As marcas dependem durante a crise da grande demanda da China, que atualmente é o terceiro maior mercado de luxo do mundo, e a indústria também está depositando suas esperanças na Índia, onde o crescimento está acelerando.

A marca de luxo italiana Prada divulgou recentemente que suas vendas em seis meses referentes a 2012 cresceram 36,5% graças principalmente às vendas na Ásia, e muitas marcas estão recebendo ajuda de compradores asiáticos, sedentos pelas últimas tendências em sapatos e bolsas.

Apesar disso, a marca britânica Burberry chocou o setor na última semana divulgando suas piores vendas desde o início da crise financeira, aumentando os temores de que uma desaceleração no crescimento da China possa piorar ainda mais a indústria da moda.

A Burberry alertou sobre problemas em toda a indústria do luxo e seu anúncio provocou uma onda de incerteza em todo o mundo da moda global. Em um encontro recente sobre moda em Milão, as gigantes do luxo disseram que passam por dificuldades de expansão na China, onde enfrentam altas taxas de importação.

O presidente da Câmara Nacional de Moda da Itália, Mario Boselli, disse na semana passada que "a China, apesar de alguns problemas, ainda é um mercado muito atrativo." Boselli insiste, porém, que "o apoio das instituições, ajudando tanto o setor público quanto privado, é necessário" para manter o "fabricado na Itália" competitivo.

O apelo ecoou em Silvio Albini, presidente da associação internacional da indústria têxtil Milano Unica, que pediu ao primeiro-ministro italiano Mario Monti para não esquecer o setor, em lugar para se salvar da crise financeira.

"Você sabe muito bem os problemas que pesam sobre a indústria: taxação excessiva, alto custo de produção, dificuldade de financiamento uma indústria que precisa de inovação constante, burocracia... nós precisamos saber que você está nos apoiando", diz Albini.

Em junho, o estilista Giorgio Armani falou de sua frustração sobre os esforços de revitalizar o país, endividado com os problemas no setor cultural. "Nós não somos mais felizes em nossa Itália. Acredito que estamos caminhando para uma situação perigosa. Às vezes eu penso em deixar o país", diz.

Albini pede que as marcas e seus líderes deixem as antigas rivalidades e a competição de lado e "se unam. Porque os desafios que enfrentamos serão superados com o trabalho em equipe, não com individualismos."

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